Lula não encara a imprensa de verdade. Somente entrevistas previamente ensaiadas com aqueles que fazem seu jogo. Não encara jornalistas independentes mas, fala de longe, como o cão covarde que ladra depois que a ameaça está distante. Nota de Celso Brasil
Fonte: Veja - 15/07/2011
às 2:51 \ Direto ao Ponto Lula continua invocado com a imprensa. Que tal criar coragem e convocar a entrevista coletiva que sempre evitou?
Convidado para animar o segundo dia da quermesse da União Nacional dos Estudantes em Goiânia, Lula repetiu nesta quinta-feira o numerito obrigatório nas apresentações para plateias amestradas: uma discurseira contra a imprensa livre, sempre adaptada às circunstâncias. Já no terceiro minuto, entusiasmou o auditório ao indignar-se com a pouca importância atribuída ao evento pelos grandes jornais, que não descansarão até convencer os leitores de que a UNE é uma irrelevância comprada pelo governo.
Mas não é preciso perder o sono com a grande imprensa, ressalvou o palanque ambulante. De olhos postos no presidente da entidade, Augusto Chagas, ensinou que parece grande mas não é. “Você, Chagas, não tenha preocupação com quem diz que vocês são chapa branca”, ordenou. “Você pensa que o jornal tem caráter nacional. Não sai do Rio de Janeiro. Vai na Baixada Fluminense e vê quantos jornais chegam lá”. Sempre evitando identificar os destinatários, estendeu à Folha e ao Estadão o recado remetido ao Globo: “Os grandes de São Paulo quase não chegam ao ABC, que está a 23 quilômetros da capital”.
A continuação do palavrório revelou que, embora não ultrapassem os limites da capital paulista, o que sai nos jornais chega pelo menos ao apartamento em São Bernardo, o B do ABC, onde mora a família do ex-presidente. Ou por ter superado por alguns instantes a ojeriza a leituras, ou porque algum amigo lhe fez o favor de ler trechos em voz alta, Lula ficou sabendo (e não gostou), por exemplo, do noticiário sobre seu desempenho na crise que resultou no segundo despejo de Antonio Palocci.
“Eles aproveitam qualquer coisa pra me comparar com a Dilma e dizer que a Dilma é fraca”, decidiu. “Só diz que ela é fraca quem não conhece a personalidade dela. Se o babaca que escreveu isso já tivesse sentado com a Dilma dez minutos, ele ia saber que ela pode ter todos os defeitos do mundo, menos ser fraca”. Ao perceber que acabara de admitir que a sucessora tem defeitos, engatou uma quinta marcha e acelerou em direção ao tema predileto: Lula. “Já faz seis meses que eu deixei a Presidência, mas eles não saem do meu pé”, irritou-se. Eles, presume-se, são os jornais. E arrematou o desabafo com a advertência tremenda: “Eu estou ficando invocado”.
Lula jura que, quando ficou invocado com George Bush, telefonou para a Casa Branca e ordenou-lhe que mantivesse longe do Brasil a crise econômica nascida nos Estados Unidos. Pouco tempo depois, invocado com Barack Obama, mandou o colega importar o modelo do SUS para resolver os problemas do sistema de saúde americano. Como agora anda invocado com a imprensa, deveria criar coragem e convocar a entrevista coletiva que evita há mais de oito anos. Uma entrevista de verdade, sem restrições espertas, franqueadas a genuínos jornalistas providos, livres para tratar de qualquer assunto e com direito a réplica.
Se tal duelo ocorresse logo depois da apresentação em Goiânia, por exemplo, não ficaria em pé sequer uma vírgula da discurseira no congresso financiado por empresas estatais, diante de uma platéia composta por figuras tão representativas do universo estudantil quanto instrutores de grupos de escoteiros. Dez minutos de perguntas e respostas bastariam para que até o presidente da UNE admitisse que Lula reduziu a velha sigla a um departamento universitário do governo, dirigido por jovens pelegos recrutados no PCdoB, corrompido por subvenções repulsivas, empregos federais, verbas escandalosas, até dinheiro para a construção da sede nova.
Como o palanqueiro já voltou de Goiânia, a UNE é coisa do passado. Caso aceite a ideia, a entrevista se ocupará de questões muito mais urgentes, mais relevantes, sobretudo mais complicadas, como veremos no próximo post. Em menos de meia hora, Lula descobrirá a diferença que existe entre um sarau com blogueiros estatizados e uma conversa com jornalistas independentes.
Mas não é preciso perder o sono com a grande imprensa, ressalvou o palanque ambulante. De olhos postos no presidente da entidade, Augusto Chagas, ensinou que parece grande mas não é. “Você, Chagas, não tenha preocupação com quem diz que vocês são chapa branca”, ordenou. “Você pensa que o jornal tem caráter nacional. Não sai do Rio de Janeiro. Vai na Baixada Fluminense e vê quantos jornais chegam lá”. Sempre evitando identificar os destinatários, estendeu à Folha e ao Estadão o recado remetido ao Globo: “Os grandes de São Paulo quase não chegam ao ABC, que está a 23 quilômetros da capital”.
A continuação do palavrório revelou que, embora não ultrapassem os limites da capital paulista, o que sai nos jornais chega pelo menos ao apartamento em São Bernardo, o B do ABC, onde mora a família do ex-presidente. Ou por ter superado por alguns instantes a ojeriza a leituras, ou porque algum amigo lhe fez o favor de ler trechos em voz alta, Lula ficou sabendo (e não gostou), por exemplo, do noticiário sobre seu desempenho na crise que resultou no segundo despejo de Antonio Palocci.
“Eles aproveitam qualquer coisa pra me comparar com a Dilma e dizer que a Dilma é fraca”, decidiu. “Só diz que ela é fraca quem não conhece a personalidade dela. Se o babaca que escreveu isso já tivesse sentado com a Dilma dez minutos, ele ia saber que ela pode ter todos os defeitos do mundo, menos ser fraca”. Ao perceber que acabara de admitir que a sucessora tem defeitos, engatou uma quinta marcha e acelerou em direção ao tema predileto: Lula. “Já faz seis meses que eu deixei a Presidência, mas eles não saem do meu pé”, irritou-se. Eles, presume-se, são os jornais. E arrematou o desabafo com a advertência tremenda: “Eu estou ficando invocado”.
Lula jura que, quando ficou invocado com George Bush, telefonou para a Casa Branca e ordenou-lhe que mantivesse longe do Brasil a crise econômica nascida nos Estados Unidos. Pouco tempo depois, invocado com Barack Obama, mandou o colega importar o modelo do SUS para resolver os problemas do sistema de saúde americano. Como agora anda invocado com a imprensa, deveria criar coragem e convocar a entrevista coletiva que evita há mais de oito anos. Uma entrevista de verdade, sem restrições espertas, franqueadas a genuínos jornalistas providos, livres para tratar de qualquer assunto e com direito a réplica.
Se tal duelo ocorresse logo depois da apresentação em Goiânia, por exemplo, não ficaria em pé sequer uma vírgula da discurseira no congresso financiado por empresas estatais, diante de uma platéia composta por figuras tão representativas do universo estudantil quanto instrutores de grupos de escoteiros. Dez minutos de perguntas e respostas bastariam para que até o presidente da UNE admitisse que Lula reduziu a velha sigla a um departamento universitário do governo, dirigido por jovens pelegos recrutados no PCdoB, corrompido por subvenções repulsivas, empregos federais, verbas escandalosas, até dinheiro para a construção da sede nova.
Como o palanqueiro já voltou de Goiânia, a UNE é coisa do passado. Caso aceite a ideia, a entrevista se ocupará de questões muito mais urgentes, mais relevantes, sobretudo mais complicadas, como veremos no próximo post. Em menos de meia hora, Lula descobrirá a diferença que existe entre um sarau com blogueiros estatizados e uma conversa com jornalistas independentes.
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