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domingo, 23 de outubro de 2011

COPA & ESPORTES - O espetáculo corrupto de maior sucesso no momento

O esquema se alimenta de centenas e centenas, mais centenas de milhões desde quando a institucionalização da corrupção foi implantada pelo governo PeTralha, com todas as garantias de impunidade.
Celso Brasil

'Esporteduto' montado por PC do B controla verba do governo federal

Partido ocupa postos-chave na área esportiva pública e se beneficia de programa do Ministério do Esporte

22 de outubro de 2011 | 23h 06



Daniel Bramatti e Julia Duailibi - O Estado de S.Paulo
SÃO PAULO - O mapa de repasses do programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, revela que o ministro Orlando Silva alimentou com verbas federais a rede de militantes que, nos últimos anos, o PC do B instalou em postos-chave do nicho esportivo no setor público. Nos últimos dois anos, prefeituras e secretarias municipais de Esporte controladas pelo partido estiveram entre as maiores beneficiadas por recursos do Segundo Tempo, criado para promover atividades físicas entre estudantes.
A presença de comunistas nas duas pontas do "esporteduto" não é casual: mesmo antes de fincar bandeira na Esplanada dos Ministérios, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, o partido havia estabelecido como estratégia concentrar no setor esportivo praticamente todas as reivindicações de cargos nas esferas federal, estadual e municipal.
Entre as prefeituras, de janeiro a outubro de 2011, a que recebeu o maior repasse per capita do Segundo Tempo foi a de Sobral (CE), cidade em que o coordenador do programa é um ex-candidato a vereador e dirigente municipal do PC do B. Foi quase R$ 1,5 milhão para uma população de cerca de 188 mil moradores, segundo levantamento do Contas Abertas, entidade especializada na análise de contas públicas.
Militantes do PC do B também administram os recursos liberados pelo ministério em Goiânia (R$ 2,2 milhões) e Fortaleza (R$ 980 mil), duas capitais nas quais o partido conseguiu nomear os secretários de Esporte por causa de acordos com o PT, que governa as duas cidades. Na capital cearense, o secretário é suplente de vereador e professor de história; em Goiânia, advogado e dirigente partidário.
Em números absolutos, Belo Horizonte é a líder no ranking das verbas deste ano, com R$ 2,6 milhões. Lá, o PC do B só não ocupa ainda a Secretaria de Esportes porque sua criação está pendente de aprovação pela Câmara. O partido já acertou a adesão ao governo do prefeito Márcio Lacerda (PSB), além do apoio à sua reeleição.
No ano passado, Sobral também esteve na lista das maiores beneficiadas pelo Segundo Tempo - recebeu o terceiro maior repasse. Em sexto lugar apareceu o município goiano de Anápolis, administrado pelo PT, onde a diretora financeira da Secretaria de Esportes é a presidente municipal do PC do B. E, no décimo posto, estava a cidade de Juazeiro, na Bahia, cujo prefeito também é comunista.

"Saquei R$ 150 mil para Agnelo"
ISTOÉ

Principal testemunha da Operação Shaolin e ex-funcionário das ONGs que participaram das fraudes no Ministério do Esporte, Michael Vieira acusa o governador do DF e ex-ministro de ser o principal chefe do esquema e de ter recebido propina

Claudio Dantas Sequeira


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ENROLADO
Governador do DF teria comandado as fraudes no
programa Segundo Tempo, de acordo com testemunha
Nos últimos dias, o escândalo dos desvios de verbas de ONGs ligadas ao Ministério do Esporte, detonado pelo policial militar João Dias Ferreira, atingiu em cheio o ministro Orlando Silva e colocou em xeque a administração de nove anos do PCdoB à frente da pasta. Agora, uma nova e importante testemunha do caso pode dar outros contornos à história, ainda repleta de brechas e pontos obscuros. O que se sabia até o momento era que os comunistas, além de terem aparelhado o Ministério do Esporte, montaram um esquema de escoamento de verbas de organizações não governamentais para abastecer o caixa de campanha do partido e de seus principais integrantes. Em depoimentos ao longo da semana, o PM João Dias acusou Orlando Silva de ser o mentor e principal beneficiário do esquema. A nova testemunha, o auxiliar administrativo Michael Alexandre Vieira da Silva, 35 anos, apresenta uma versão diferente. Em entrevista à ISTOÉ, Michael afirma que o atual governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, e ex-ministro do Esporte, hoje no PT, mas que passou a maior parte de sua trajetória política no PCdoB, é quem era o verdadeiro “chefe” do esquema de desvio de recursos do Esporte. Até então, Agnelo vinha sendo poupado por João Dias.

Michael foi a principal testemunha da Operação Shaolin, deflagrada no ano passado pela Polícia Civil do DF e na qual foram presas cinco pessoas, entre elas o próprio soldado João Dias. Seu papel nesse enredo é inquestionável. Michael trabalhou nas ONGs comandadas por João Dias, conheceu as entranhas das fraudes no Ministério do Esportes e, durante um bom tempo, esteve a serviço dos pontas-de-lança do esquema. Sobre esse período, ele fez uma revelação bombástica à ISTOÉ: “Saquei R$ 150 mil para serem entregues a Agnelo (então, ministro)”, disse ele na entrevista.
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COMPLICOU
Denúncias de desvios de verbas do Ministério do Esporte
fragilizaram o ministro Orlando Silva e a administração comunista
Em 2008, Michael já havia denunciado todo o esquema das ONGs no Ministério do Esporte e, desde então, passou a colaborar secretamente com os investigadores. Hoje, se mudou de Brasília e vive escondido. Os depoimentos de Michael serão cruciais para o andamento inquérito 761 sobre o envolvimento de Agnelo, que corre no STJ e deverá ser remetido ao STF pelo procurador-geral da União, Roberto Gurgel. Partícipe do esquema, Michael tem uma série de elementos para afirmar categoricamente que era Agnelo “quem chefiava o esquema”. Durante o tempo em que trabalhou no Instituto Novo Horizonte, o auxiliar administrativo ficou sabendo de entregas de dinheiro e da liberação de convênios, por meio de Luiz Carlos de Medeiros, ongueiro e amigo do governador. “Medeiros falava demais... Sempre comentava que estava cansado de dar dinheiro para Agnelo”, diz. Sobre o ministro Orlando Silva, Michael afirma que ouviu seu nome uma única vez e por meio do delegado Giancarlos Zuliani Júnior, da Deco (Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado). “Contei a Giancarlos sobre a existência de um cofre num depósito de João Dias, em que havia armas e documentos que poderiam incriminar algumas pessoas. Aí ele me perguntou se eu sabia do envolvimento de Orlando Silva e da ONG Cata -Vento”, lembra.

Na entrevista à ISTOÉ, Michael revela ainda que o esquema de fraudes com ONGs de fachada transcende as fronteiras do PCdoB e do Esporte. Atingiria também, segundo ele, o Ministério da Ciência e Tecnologia, então na cota do PSB. Ele conta que chegou a ser convocado pela CPI das ONGs para falar sobre o tema, mas seu nome foi retirado da lista de depoentes na última hora sem qualquer justificativa. Sobre o envolvimento do Ministério de Ciência e Tecnologia, Michael diz que o Instituto Novo Horizonte chegou a assinar convênios com a Secretaria de Inclusão Social, subordinada à pasta, para a instalação de uma biblioteca digital em Natal, no Rio Grande do Norte, no valor de R$ 2 milhões. Esses contratos, segundo Michael Vieira, teriam sido avalizados pelo então secretário, o atual deputado distrital Joe Valle (PSB), amigo de Medeiros e definido no grupo como laranja de João Dias no comando do Instituto Novo Horizonte.

Com todo esse arsenal de informações, entende-se por que a investigação sobre as fraudes do PCdoB no Distrito Federal foi deflagrada a partir de denúncia de Michael ao Ministério Público. O que Michael contou à ISTOÉ, com riqueza de detalhes, também está registrado em outros 11 depoimentos que prestou em sigilo à Polícia, ao Ministério Público e à Justiça nos últimos três anos. Michael e o policial João Dias participavam de um mesmo esquema enquanto Agnelo Queiroz ocupou o Ministério do Esporte. Depois, tomaram rumos diferentes. Agnelo se elegeu governador do Distrito Federal e o PM circula ao seu lado até hoje, mesmo sendo réu em um processo que apura desvio de dinheiro público. No governo do DF, emplacou um afilhado político, Manoel Tavares, na BRB Seguros, a corretora do Banco Regional de Brasília, um dos cargos mais cobiçados do governo local. Até bem pouco tempo atrás, o PM mantinha silêncio absoluto sobre as fraudes das quais participou, confiante de que sua relação com autoridades influentes lhe serviria de salvo-conduto. “Ele fez isso por dinheiro e para se livrar das denúncias que fiz a seu respeito”, afirma Michael. Ele assegura que João Dias tentou silenciá-lo, primeiro com ofertas financeiras, e depois com ameaças de morte. Por causa do assédio, Vieira entrou no Programa de Proteção a Testemunhas. Mas após alguns meses abriu mão da proteção para tentar retomar sua vida. Hoje, Michael vive com mulher e filhos de pequenos bicos e da ajuda de amigos numa cidade do interior de outro Estado. Não se arrepende de ter denunciado o esquema, mas passou a desconfiar de tudo e todos, especialmente depois que foi usado pelo ex-governador Joaquim Roriz para atingir Agnelo na campanha eleitoral do ano passado.
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LUXO
O PM (acima) que delatou o esquema mora numa mansão em
Sobradinho (DF). Em sua garagem, um Volvo, um Camaro e uma BMW
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À ISTOÉ, Michael pediu que seu rosto não fosse inteiramente revelado. A decisão de romper o pacto de silêncio deve-se, segundo ele, à indignação com a postura de João Dias no episódio. “Não posso aceitar que um cara como João Dias pose de bom-moço para a sociedade”. O desabafo, no entanto, não invalida as denúncias a respeito do esquema no Esporte nem as desqualifica, afinal não se espera que pessoas escaladas para participar de fraudes sejam selecionadas num convento. Mas é fato que João Dias tem uma ficha corrida para lá de complicada. Levantamento da ISTOÉ encontrou nada menos que 15 ocorrências policiais contra o PM, que tem fama de truculento. Há acusações de lesão corporal, roubo e ameaças de morte. Brigas no trânsito, dentro de hospitais e até tentativa de golpe na locação de imóveis e na contratação de funcionários para atuar nos convênios do Segundo Tempo.

A trama policial tem contaminado o ambiente político em Brasília. Até o final da semana, a presidente Dilma Rousseff, temendo precipitar uma crise com um importante aliado, o PCdoB, hesitava em mudar o comando do Ministério do Esporte. Na quinta-feira 20, Dilma disse a assessores que não agiria sob pressão e reclamou publicamente do “apedrejamento moral” que o ministro do PCdoB estaria sofrendo. Chamou os comunistas de aliados históricos. “Temos de apurar os fatos, temos de investigar. Se apurada a culpa das pessoas, puni-las. Mas isso não significa demonizar quem quer que seja, muito menos partidos que lutaram no Brasil pela democracia”, afirmou. Em Brasília, Orlando Silva reuniu-se por cinco horas com a cúpula do PCdoB.

Ao chegar de Angola na noite da quinta-feira 20, Dilma Rousseff convocou uma reunião de emergência com a coordenação política do governo. No encontro, comentou que não tinha convicção sobre as denúncias contra Orlando Silva, mas admitiu que o desgaste político sofrido era irreversível. Dilma também consultou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sobre o andamento das investigações na Polícia Federal e no Ministério Público. Na avaliação da presidente, as explicações que o ministro dos Esportes deu na Câmara e no Senado não foram suficientes para reverter o quadro. Pesam também contra Orlando os embates com a Fifa e a CBF para a organização da Copa de 2014. Dessa maneira, o mais provável é que a presidente aguarde os desdobramentos do caso para tomar uma decisão de cabeça fria. Nas fileiras comunistas, caso o PCdoB não perca o ministério, o nome mais cotado para substituir Orlando Silva é o da ex-prefeita de Olinda (PE) Luciana Santos, hoje deputada federal. Seu nome já havia sido sugerido por Dilma quando montou a equipe, mas Orlando acabou mantido por pressão do PCdoB – além de apoio aberto do ex-presidente Lula. Caso a presidente resolva retirar a pasta das mãos dos comunistas, já há articulações para tentar emplacar no cargo o ex-ministro Márcio Fortes, hoje presidente da Autoridade Pública Olímpica. Procurado por ISTOÉ, Agnelo estava fora do País e até o fechamento desta edição não havia se manifestado.
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CONTRATO
Empresa Personnalité, dirigida por uma pessoa ligada a João Dias, trabalha para o MP
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Outro programa do Esporte depositou R$ 1,3 milhão em contas de fantasmas

Dono de uma das firmas que receberam dinheiro ignora o que foi vendido e diz que só 'arranjou nota'
24 de outubro de 2011
Leandro Colon, de O Estado de S.Paulo

BRASÍLIA - Dezenas de cheques de um convênio do Ministério do Esporte mostram que o descontrole no uso do dinheiro público não atinge só o programa Segundo Tempo. Pelo menos R$ 1,3 milhão do ministério foi parar no ano passado na conta de empresas fantasmas ou sem relação com o produto vendido para o programa Pintando a Cidadania.
Empresa teria fornecido tecidos, algodão e tinta à programa do Esporte - Ed Ferreira/AE
Ed Ferreira/AE
Empresa teria fornecido tecidos, algodão e tinta à programa do Esporte
Há cheques, por exemplo, de R$ 364 mil, R$ 311 mil, R$ 213 mil, R$ 178 mil, R$ 166 mil e R$ 58 mil. O dono de uma empresa destinatária dos cheques disse ao Estado que desconhece o que foi vendido, alegando ter "arranjado" a nota fiscal para um amigo receber dinheiro do ministério.
No dia 31 de dezembro de 2009, o secretário de Esporte Educacional, Wadson Ribeiro, assinou convênio de R$ 2 milhões com o Instituto Pró-Ação, com sede em Brasília. Ex-presidente da UNE e filiado ao PC do B, Wadson é homem de confiança do ministro Orlando Silva e assinou, nos últimos anos, boa parte dos convênios sob suspeita. Segundo o Portal da Transparência, o convênio com a Pró-Ação foi encerrado em abril deste ano e está em fase de prestação de contas.
O Pintando a Cidadania atua em parceria com outros projetos do ministério. para "fomentar a prática do esporte por meio de distribuição gratuita de material esportivo e promover a inclusão social de pessoas de comunidades reconhecidamente carentes".
O contrato com o Pró-Ação menciona uma conta corrente em nome do convênio. No dia 26 de abril de 2010, o instituto repassou um cheque dessa conta no valor de R$ 311.346,05 para a empresa Automatec Tecnologia e Serviços, registrada na cidade de Valparaíso de Goiás como uma loja de motos, a "Oliveira Motos". Segundo a nota fiscal emitida, o dinheiro do Esporte pagou "tecidos, algodão e tinta". Em entrevista ao Estado, Marcos Oliveira, dono da Automatec, disse desconhecer o Pró-Ação: "Não conheço a ONG. Eu arranjei o nome da empresa para um amigo, a gente joga bola junto".
Seu amigo é Edinaldo Moraes, dono da Contemporânea Comércio e Serviços, que também está na prestação de contas da ONG. Cinco cheques do convênio foram parar na conta dessa empresa. No mesmo dia 26 de abril de 2010, quando a loja de motos Automatec levou R$ 311 mil, um cheque de R$ 364 mil foi depositado em nome da Contemporânea. A empresa recebeu ao todo R$ 817 mil para supostamente vender fios de costura, agulhas e tecidos. No dia 20 de setembro de 2010, auge da campanha eleitoral, a ONG repassou R$ 213 mil para a Contemporânea.

Fifa escancara despreparo do Brasil para Copa do Mundo de 2014

Calendário da Copa das Confederações de 2013, evento teste do Mundial, será divulgado nesta quinta-feira e terá condicionalidades e prazos máximos para que os estádios fiquem prontos

20 de outubro de 2011

Jamil Chade - Correspondente - estadão.com.br
Prazo das obras do Maracanã é visto com desconfiança - Sergio Moraes/Reuters - 21/9/2011ZURIQUE - A Fifa não conseguirá anunciar o calendário completo da Copa das Confederações, que acontecerá no Brasil em 2013, escancarando a falta de avanço nas obras dos estádios brasileiros. Informações obtidas pelo estadão.com.br confirmam que no evento desta quinta-feira, em Zurique, a entidade máxima do futebol revelará apenas uma parcela do calendário, já que não há garantias de que os estádios necessários para o torneio estejam prontos para o evento.
Sergio Moraes/Reuters - 21/9/2011
Prazo das obras do Maracanã é visto com desconfiança
As cidades serão mencionadas nas datas respectivas dos jogos, mas com condicionalidades e prazos máximos para que os estádios fiquem prontos. O formato encontrado pela Fifa demonstra a desconfiança em relação às promessas brasileiras. O ministro do Esporte, Orlando Silva, chegou a anunciar que nove estádios estariam prontos em 2013. Mas o calendário desta quinta-feira mostrará que isso não é verdade.
Porto Alegre deve ser excluído e as cidades de São Paulo, Cuiabá, Natal e Manaus já estão fora. A Fifa teme que até o Maracanã fique de fora, visto que não considera que os prazos anunciados pelo governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, serão cumpridos. A Copa das Confederações é considerada o evento teste da Copa do Mundo de 2014 e garante a condição real da preparação do Brasil para o evento.
Incompetência ou blindagem?
Somente a imprensa denuncia. 

O governo nunca descobre por si.


22/10/2011
às 11:39 \ Direto ao Ponto
O ministro descobriu que, para um farsante, sábado costuma ser o mais cruel dos dias
“Nunca houve, não há e nunca haverá provas”, repetiu Orlando Silva depois da conversa com Dilma Rousseff. Há, são contundentes e desmontam a discurseira do ministro e do PCdoB, sabem agora Orlando Silva, Dilma Rousseff e todos os leitores de VEJA. “A presidente disse para continuar trabalhando normalmente”, tentou aparentar confiança, para avisar em seguida que vai permanecer no cargo. Não vai, informam os trechos da conversa entre o PM  João Dias Ferreira e dois chefões do esquema bandido instalado no ministério sob controle de comunistas loucos por dinheiro.
Divulgados por VEJA, os diálogos escancaram um repulsivo acerto entre quadrilheiros. Orlando Silva atravessou a semana tentando apresentar-se ao país como um inocente massacrado pela imprensa golpista, pela elite preconceituosa e por inimigos do povo em geral. Talvez já tenha aprendido que sábado costuma ser o mais cruel dos dias para quem tem culpa no cartório ─ sobretudo para farsantes que acham possível enganar as vítimas da roubalheira. Muitos pagadores de impostos engolem desaforos sem engasgos. Nem todos são idiotas.
Às bandidagens divulgadas por VEJA, somaram-se neste sábado patifarias de bom tamanho descobertas pelo Estadão, pela Folha e pelo Globo. “Não quero ir a reboque da imprensa”, tropeçou de novo a presidente. A imprensa independente não reboca ninguém. Publica fatos. E é inútil brigar com fatos. Por ignorar essa antiga lei das redações, Dilma mantém os olhos fechados à verdade para atender aos interesses do delinquente de estimação e de um partido alugado. Vai descobrir tardiamente que optou pelo abraço do afogado.
Se soubesse agir com juízo e presteza, Dilma teria afastado Orlando Silva logo depois de confrontada com os fatos. Nessa hipótese, talvez conseguisse prorrogar sem barulhos o arrendamento do Ministério do Esporte ao Partido Comunista do Brasil. O adiamento do velório ampliou de tal forma o estrago que a renovação do contrato com o PCdoB se transformou num desafio afrontoso ao país que presta. Uma semana depois da explosão inaugural, está claro que os cofres do ministério são sangrados sistematicamente por um partido. Sabe-se que o prontuário do chefe não é menor que os que comprometem seus principais assessores. Todos estão afundados na areia movediça que também vai engolindo o companheiro Agnelo Queiroz, antecessor de Orlando Silva e governador do Distrito Federal. Todos devem ser despejados.
Em 1975, diante de teimosas cobranças do deputado Ulisses Guimarães, líder da oposição, o presidente Ernesto Geisel irritou-se: “Não ajo sob pressão”, avisou. “Eu só ajo sob pressão”, ensinou-lhe Ulisses no mesmo dia. Alguém precisa sugerir a Dilma que seja menos Geisel e mais Ulisses quando pressionada pelos fatos: deve agir sem demora ─ e agir acertadamente. Graças a Lula e à miopia de milhões de eleitores, o Brasil é presidido por alguém que não tem ideia do que é governar um país. É demais querer que se comporte como estadista. Mas não é muito exigir que enxergue a diferença entre a verdade e a mentira.
Durante oito anos, Lula dirigiu e protagonizou uma caricatura de faroeste em que o xerife debocha dos honestos e protege os bandidos. Com Dilma Rousseff nesse papel, o filme de segunda categoria virou chanchada de quinta. Chegou a hora do final infeliz para os fora-da-lei.

Fifa e CBF declaram guerra ao governo

Entidades ficaram irritadas com resistência de Dilma em aprovar a Lei Geral da Copa

Jamil Chade - Correspondente - O Estado de S.Paulo
Anúncio do calendário da Copa será feito por Valcke - Arnd Wiegmann/Reuters - 29/5/2011ZURIQUE - A Fifa e a CBF vão mandar nesta quinta-feira um recado claro de desagrado à presidente Dilma Rousseff por sua resistência em aprovar a Lei Geral da Copa atendendo às exigências das entidades esportivas. Nesta quinta, em Zurique, a Fifa anuncia o calendário do Mundial de 2014, com o anúncio de todos os jogos, sedes e quantidade de partidas em cada local. Mas, ofuscada pela crise declarada entre a Fifa e o governo, o evento vai escancarar a guerra.
Arnd Wiegmann/Reuters - 29/5/2011
Anúncio do calendário da Copa será feito por Valcke
Como recado político, a Fifa vai barrar a participação do Beira-Rio em Porto Alegre da Copa das Confederações de 2013. Oficialmente, a entidade vai alegar que o problema é a falta de um contrato para as obras no estádio na capital gaúcha. Mas usará a ocasião para mostrar que pode mesmo punir o governo se o Palácio do Planalto mantiver sua postura de resistência às leis da Fifa.
O ministro do Esporte, Orlando Silva, chegou a levar Pelé ao estádio para mostrar que o governo e o craque estavam apoiando o projeto. Para a Fifa, essa atitude foi vista como uma ameaça. Nesta quinta, ela dará seu troco.
O jogo e mesmo o torneio teriam pouca relevância e a Fifa sabe que Dilma não terá prejuízo politico por conta disso. Mas vão usar a ocasião como recado claro de que, se o governo mantiver sua resistência, vai ser punido.
O governo criou uma crise quando enviou ao Congresso uma lei que não atendia aos interesses da entidade máxima do futebol e, segundo a Fifa, não dava proteção suficiente aos patrocinadores. A multa máxima a uma infração de uma empresa que fure a exclusividade dos contratos da Fifa será de menos de US$ 50 mil, uma bagatela para multinacionais que teriam exposição internacional.
Outro problema é a questão da meia-entrada. O governo insiste que essa é a lei no País e que estudantes e idosos teriam direitos de pagar menos. A Fifa rejeita e insiste que poderá até aumentar o preço dos ingressos se essa lei for mantida. Em Zurique, a entidade já começa a pensar em alternativas para superar a crise.
Na Fifa, a entidade comemorou a decisão revelada pelo Estado de que Dilma retiraria poderes de Orlando Silva na Copa por conta dos escândalos e assumiria ela mesmo a responsabilidade pelo avanço dos projetos. O ministro era visto como um obstáculo na organização e que teria politizado a Copa.

Lula pede para Orlando resistir, e Fifa teme crise

23 de outubro de 2011



JAMIL CHADE - Agência Estado
A decisão da presidente Dilma Rousseff de manter o ministro dos Esportes, Orlando Silva, tomada anteontem à noite, criou um mal-estar na Fifa e uma saia justa para a entidade, que já teme um aprofundamento da crise com o Planalto. Se por um lado, no entanto, a presidente desagradou o comando máximo do futebol mundial, se aproximou ainda mais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se empenhou pessoalmente na manutenção do ministro.
Nos últimos dias, enquanto a Fifa chegava a "anunciar" a demissão de Orlando Silva da Esplanada, Lula telefonou para o ministro, um dos remanescentes de sua gestão (2003-2010), para recomendar-lhe paciência e coragem. Em síntese, o recado do ex-presidente para Orlando foi: resista no cargo, e ele vem cumprindo a determinação.
Há dois dias, a entidade máxima do futebol sepultava ao vivo em uma coletiva transmitida a todo o mundo o ministro dos Esportes, deixando claro que já não trabalhava com ele como interlocutor para a preparação da Copa do Mundo de 2014.
"Em novembro, a ideia é a de encontrar o novo representante do governo de Dilma Rousseff que agora está liderando os trabalhos de preparação da Copa no âmbito governamental", disse Jerome Valcke, secretário-geral da entidade, na esperança de que até lá o Palácio do Planalto tivesse designado a pessoa que fará o contato com a Fifa. "Estou certo de que a presidente (Dilma) tomou a decisão certa em escolher uma pessoa, seja o que ocorrer com Orlando Silva", completou Valcke anteontem.
Mas com a decisão de Dilma de manter Orlando no cargo, pelo menos por enquanto, a Fifa passou a viver uma saia-justa. Ontem, sua direção de comunicação chegou a ligar para jornalistas que haviam escrito matérias sobre as declarações de Valcke, alertando que o secretário-geral não queria dizer o que disse e que não estava considerando Orlando Silva como demitido.
Pessoas ligadas ao Comitê Organizador Local revelaram que a entidade teme que a declaração de Valcke aprofunde ainda mais a crise entre o governo e a Fifa, numa percepção do Palácio do Planalto de que a Fifa esteja forçando uma demissão do ministro para permitir que seus interesses sejam defendidos.

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