RÁDIO PALÁCIO - Rede Movimento de Rádios 24h

Pesquisar neste blog

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Ministro Jobim dança no Forró da Defesa PTralha



Dilma decide tirar Jobim do Ministério da Defesa
Nova declaração com críticas ao governo da presidente foi decisiva para a decisão; dessa vez, alvo foi Ideli Salvati, que seria 'fraquinha' na articulação política

04 de agosto de 2011 | 9h 48



João Domingos e Rui Nogueira, de O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A presidente Dilma Rousseff decidiu na manhã desta quinta-feira, 4, demitir Nelson Jobim do Ministério da Defesa. Em uma entrevista à revista Piauí, Jobim chama o governo Dilma de "atrapalhado", diz que a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvati, é "fraquinha", e que Gleisi Hoffmann, ministra-chefe da Casa Civil, "não conhece Brasília". Um dos nomes cotados para substituí-lo é o do atual ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo.
André Dusek/AE - 02.08.2011
André Dusek/AE - 02.08.2011
Declarações recentes de Jobim (à dir.) teriam irritado a presidente Dilma
Por conta de outras declarações, Jobim já estava na lista dos auxiliares de Dilma que ela deve tirar do governo na primeira reforma ministerial, no final deste ano ou no início de 2012. Agora, com a entrevista à revista, que chega nesta sexta-feira, 5, às bancas e tem o conteúdo editado no estadão.com.br, a presidente deciciu pela demissão imediata de Jobim, desistindo da ideia de não mexer no governo enquanto não assentar a poeira da base aliada levantada pela crise política no Ministério dos Transportes, Dnit e Valec.
O ministro viajou na noite desta quarta-feira, 3, para São Gabriel da Cachoeira (AM). Nesta manhã, ele partiu para Tabatinga (AM), onde, ao lado do vice-presidente da República, Michel Temer, assina um plano de vigilância de fronteiras entre Brasil e Colômbia. Pela agenda oficial, Jobim deixa a base do Cachimbo (AM) às 20h30, devendo chegar a Brasília no final do dia.
Em recente entrevista concedida ao programa "Poder e Política", da Folha de S. Paulo e UOL, Jobim criou incomodo no Planalto ao fazer questão de revelar que, nas eleições do ano passado, votou no candidato tucano José Serra, o adversário da candidata vencedora, Dilma Rousseff.

Por conta dessas declarações, houve pressão política para demitir o ministro, mas Dilma preferiu evitar a crise e, como apurou o Estado na manhã desta quinta-feira, a intenção era, ao menos, esperar que Jobim tocasse até ao fim o projeto de aprovação, no Congresso, da criação da Comissão da Verdade - um projeto para o qual a presidente da República, até por ser ex-presa política, que foi torturada no regime militar (1964-1985), pediu empenho especial. A comissão vai tomar depoimentos que ajudem a esclarecer as condições de repressão no período e, principalmente, ajudem a chegar ao paradeiro de corpos de presos políticos que desapareceram em meio à repressão e até hoje não foram localizadas (caso da guerrilha do Araguaia, nos anos 70).
Nessa quarta, Jobim teve uma audiência com a presidente Dilma, na qual, segudo apurou o Estado, ele a informou sobre o conteúdo da entrevista à Piauí, inclusive sobre as críticas feitas a colegas do ministério. Dilma escolheu pessoalmente as ministras Ideli e Gleisi, depois da queda de Antonio Palocci do comando da Casa Civil, no início de junho.

Publicado em 02 de julho de 2011
''Idiotas'' de Jobim irrita Dilma, mas é abafado
Uso de expressão em homenagem a FHC causa mal-estar; para evitar mais uma crise, presidente escala novo líder para amenizar fala de ministro

Tânia Monteiro - O Estado de S.Paulo
A presidente Dilma Rousseff não gostou do discurso do ministro da Defesa, Nelson Jobim, na solenidade de 80 anos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quinta-feira no Senado, mas decidiu não transformar o assunto em uma crise institucional. Segundo assessores, optou por fazer "ouvidos de mercador".
Celso Junior/AE
Celso Junior/AE
Improviso. Jobim citou Nelson Rodrigues em discurso 'desastroso'
Anteontem, Jobim, começou dizendo que ia fazer um "monólogo" em homenagem ao ex-presidente. Ao elogiar o espírito tolerante de Fernando Henrique - de quem foi ministro da Justiça -, Jobim citou o escritor Nelson Rodrigues e disse: "Ele dizia que, no seu tempo, os idiotas chegavam devagar e ficavam quietos. O que se percebe hoje, Fernando, é que os idiotas perderam a modéstia. E nós temos de ter tolerância e compreensão também com os idiotas, que são exatamente aqueles que escrevem para o esquecimento."
Apesar dos desmentidos de que tenha chamado pessoas do atual governo de "idiotas", Jobim causou mal-estar no Palácio do Planalto. A declaração foi considerada "desastrosa" por auxiliares diretos de Dilma. "Ele criou um ambiente que não existia, sem a menor necessidade", disse um assessor. A própria presidente teria considerado "desnecessária" a observação de Jobim, que causou "perplexidade" no governo.
Ainda de acordo com interlocutores de Dilma, Jobim "levantou a bola" para todos os seus adversários, particularmente os do PT, o atacarem. Além disso, disseram, ele tem dois assuntos bombásticos na mão - Comissão da Verdade e sigilo dos documentos oficiais.
Ontem, o ministro minimizou as declarações. Ao Estado contou que ao chegar ao Palácio da Alvorada, onde tinha um despacho às 11 horas com a presidente, ela o recebeu brincando. "Ô Nelson, estão querendo nos intrigar", disse a presidente, de acordo com relato do próprio ministro, que negou que suas afirmações tenham qualquer tipo de relação com o governo. "Não sabem ler", desabafou Jobim, explicando que se referia a "alguns jornalistas que escrevem para o esquecimento". "Eu me referia a um texto do escritor argentino Jorge Luis Borges", argumentou, completando que quem escreve para a memória e para a história são os escritores.
Percepção. De acordo com Jobim, Dilma afirmou a ele que "percebeu logo" que era uma citação que ele já havia feito anteriormente. O ministro informou a presidente ainda que ia procurar jornalistas para esclarecer o episódio e encerrá-lo. "Estão procurando chifre em cabeça de burro", argumentou o ministro, que embarcou à tarde para Londres, onde participará de reuniões com o ministro da Defesa inglês.
O deputado Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), que assumiu ontem a liderança do governo no Congresso, também minimizou o episódio e a fala de Jobim com a palavra "idiota".
"Não foi recado para o governo. O ministro Jobim é muito inteligente", afirmou o novo líder, ao comentar o discurso do ministro da Defesa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário