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domingo, 13 de novembro de 2016
segunda-feira, 13 de janeiro de 2014
Red Cocaine: Quais são os inimigos de verdade. Não é possível lutar contra fantasmas.
Red Cocaine
The Drugging of America
Red Cocaine: livro impactante, que aborda o uso das drogas na guerra ideológica
The Drugging of America
Explica e comprova as estratégias dos socialistas para a tomada do poder em certos países latinos.
Red Cocaine: livro impactante, que aborda o uso das drogas na guerra ideológica
O
que o autor parece querer deixar claro é que a estratégia de longo
prazo das drogas, do ponto de vista comunista, não se restringe aos
danos às classes médias e altas, às “elites”, mas procura destruir o
tecido social inteiro dos países alvo.
por Henrique Dmyterko
em 11 de março de 2009
Análise - Resenhas
O leitor que se debruçar sobre Red Cocaine deverá se preparar de duas maneiras: redobrar a atenção para nomes e datas e certificar-se de que possui um estômago capaz de digerir um detalhadíssimo relatório sobre algumas das mais pérfidas e prolongadas ações perpetradas por regimes e indivíduos em toda a história.
O estilo seco, quase monocórdio, de um autor acostumado a análises técnicas minuciosas, não consegue abafar a revolta que se revela através das repetidas menções aos objetivos dos agressores (os traficantes estatais comunistas) tanto quanto através da semi-perplexidade diante da inação e inépcia das autoridades americanas e ocidentais em geral.
Red Cocaine traça o quadro geral, dá os antecedentes históricos, apresenta a evolução do planejamento estratégico de longo prazo chinês e soviético quanto ao uso das drogas como arma política e química contra os soldados e oficiais americanos, mas principalmente, contra a juventude americana a médio e longo prazos.
Ao contrário de tantos livros sobre teorias conspiratórias, Joseph D. Douglass, Jr. não apresenta teoria nenhuma, mas sim provas, documentos oficiais de vários países envolvidos, testemunhos de desertores e depoimentos de traficantes em processo de julgamento.
Douglass começa por alertar quanto a um modo de pensar já bastante enraizado, ou seja, de que de um lado haveria apenas os traficantes das Máfias “locais”, organizações inescrupulosas por natureza, e do outro, os usuários de drogas, sem levar em consideração outra possibilidade:
a epidemia, ou pandemia das drogas ilegais, como resultado de estratégias de guerra política orquestradas por vários países comunistas contra o Ocidente em geral e contra os Estados Unidos em particular, em combinação com as organizações criminosas locais, com ou sem o conhecimento destas, especialmente quanto aos objetivos estratégicos de longo prazo.
Em seguida, a guisa de introdução mais abrangente, o autor dá uma visão panorâmica dos acontecimentos então recentes, ou seja, as ações cubanas na América Latina, especialmente na Colômbia dos cartéis, já citando a atuação das FARC em conjunto com a política cubana de exportação de cocaína e de outras drogas para os EUA e com isso, o financiamento de ações de movimentos terroristas e revolucionários.
O ano era 1989 e George H. W. Bush acabava de assumir a presidência quando decidiu por um plano de ajuda à Colômbia no combate ao tráfico de drogas.
Ainda não era o Plano Colômbia, urdido por Bill Clinton e que só beneficiou as FARC em detrimento dos cartéis, como o de Medellín, p.ex..
Mas a Colômbia já estava tão infiltrada e corrompida, que os esforços de Bush pai tiveram resultado quase nulo.
Foi necessária a ascensão de Alvaro Uribe para que o quadro mudasse, mas isso está além do escopo temporal do livro.
De todo modo, a coordenação cubana do tráfico de drogas na América Latina e desta para os EUA, já é um quarto estágio, ou degrau, na estratégia comunista de guerra política via drogas. Vamos às origens.
Foi
a China comunista que primeiro percebeu o potencial da disseminação de
drogas derivadas do ópio (morfina e heroína) como armas tão ou mais
eficazes que fuzis ou morteiros.
No início dos anos 1950, Mao Tse-tung e Chou En-lai se encarregaram pessoalmente de planejar o que viria a ser um grande esquema de tráfico de drogas, vendidas a preço baixo para os soldados americanos na Coréia, no Japão e em Okinawa.
O Partido Comunista Japonês teve participação, tanto na coleta de informações repassadas aos comunistas chineses, como financeira, na forma de pagamento pelos “serviços”.
Comentários sobre as operações ou a simples menção dos planos chineses era motivo para execução sumária, mesmo de generais, tamanho o grau de segredo que os comunistas chineses deram à execução de seus intentos.
Os objetivos chineses eram basicamente os seguintes:
1. Com o dinheiro do tráfico, financiar atividades subversivas no exterior;
2. Corromper e enfraquecer o moral dos povos do mundo livre;
3. Destruir o moral das tropas americanas que lutavam na Coréia (e depois, no Vietnã).
Outro detalhe importante do esquema chinês era a cooperação, ou coordenação de outros países sob sua esfera de influência. Isso trazia várias vantagens, sendo uma delas o fato de que isso desviava o foco de atenção da China para a Coréia do Norte ou para o Vietnã do Norte; outra vantagem era a ampliação dos campos de produção de ópio, ainda que os principais e melhores ficassem em território chinês. Tudo isso teria o efeito de confundir os serviços de inteligência americanos e de outros países do Ocidente. Houve também muito trabalho e cuidado no desenvolvimento de heroína da melhor qualidade, i.e., com maior poder de adicção. A droga era passada aos soldados americanos através dos conhecidos traficantes locais e de prostitutas aliciadas ou chantageadas. Prisioneiros de guerra americanos e sul-coreanos foram usados como cobaias para experimentos de drogas mais refinadas e potentes, além de testes de resistência física, quando se verificou que eram justamente os bem jovens os mais propensos às overdoses.
No caso da Indochina, os chineses tiveram como primeiro alvo as tropas francesas, e obtiveram grandes êxitos: o número de soldados franceses que abandonaram seus postos ou pediram baixa já como farrapos humanos, foi estarrecedor. Oficiais franceses, quando começaram a receber ajuda material americana, repassaram a seus colegas as informações que tinham sobre as drogas e o envolvimento chinês. Os oficiais americanos, ainda em pequeno número, repassaram relatórios alarmantes aos serviços de inteligência, mas nenhuma política efetiva de contenção ou enfrentamento jamais foi tomada.
Mas já antes do envolvimento americano na Indochina, outros já estavam muitíssimo bem informados das atividades chinesas, pelas quais demonstravam grande interesse e entusiasmo: as lideranças do PCUS – Partido Comunista da União Soviética. Após a morte de Stalin em 1953, foi possível uma reaproximação da URSS com a China, pois os interesses comuns e a afinidade ideológica eram absolutamente óbvios. Os soviéticos, especialmente Nikita Khruschev, estavam fascinados com as possibilidades da guerra política através das drogas. Numa reunião do Partido, questionado sobre a moralidade do uso de drogas como arma, Khruschev respondeu que qualquer coisa que causasse dano aos capitalistas e avançasse a revolução era moralmente justificado.
Mas os soviéticos ainda precisavam aprender algumas coisas com os chineses, que se mostraram relutantes em cooperar plenamente. Sem maior cerimônia, os russos cooptaram agentes chineses ligados ao tráfico e passaram, a partir dali, a desenvolver seus próprios métodos, muito mais amplos e sofisticados. Todavia, é importante ressaltar que a estratégia soviética de guerra revolucionária é uma estratégia global, que envolvia desinformação, engodo e propaganda. A estratégia de narcotráfico soviética é um sub-componente dessa estratégia e é mais bem compreendida nesse contexto.
Tanto quanto a China fez uso de outros países, a URSS optou pela Tchecoslováquia para dar início ao seu plano de ampliação da guerra via drogas. Mais tarde, outros satélites soviéticos participariam das operações, especialmente a Bulgária, mas em meados dos anos 1950, a Tchecoslováquia era a mais bem equipada tecnicamente, além de ter a grande vantagem de manter boas relações comerciais e diplomáticas com vários países ocidentais, o que facilitaria a coleta de dados e o estabelecimento de redes de agente e colaboradores locais.
Para tornar a Tchecoslováquia um subordinado eficaz na guerra política via narcotráfico, os soviéticos transferiram a membros selecionados dos serviços de inteligência e do Partido tchecoslovaco, planos de cursos que instruíam sobre:
1. Natureza do comércio de drogas, tipos e qualidades;
2. Meios de produção;
3. Organização da produção;
4. Mercados e consumidores;
5 . Segurança;
6. Infiltração nas redes de produção existentes;
7. Uso da experiência das redes de inteligência;
8. Comunicação no interior das organizações de tráfico;
9. Como transmitir informação;
10. Como recrutar fontes de inteligência.
O primeiro nível estratégico da guerra contra o Ocidente envolvia o engodo, a desinformação e a propaganda. O segundo nível pretendia a destruição do capitalismo com seu próprio dinheiro gasto em drogas. Quando do sucesso das duas primeiras etapas, viria então a terceira: o rolar dos tanques soviéticos sobre a Europa.
À medida que cresciam as operações de tráfico do bloco soviético, a organização tornou-se mais complexa, mas com o mesmo grau de segredo e compartimentalização (“saiba somente o que é necessário saber”) Muitos estavam envolvidos, mas poucos sabiam do propósito da operação ou nem mesmo da participação e coordenação soviética.
Praticamente todos os dados apresentados no livro de Douglass acerca da guerra política dos soviéticos provêm da extraordinária memória de um homem: Jan Sejna, que desertou da Tchecoslováquia para os Estados Unidos em 1968. Mas o General Jan Sejna não era um desertor comum e muito menos uma fonte comum. Ele foi membro do Comitê Central do PC Tchecoslovaco, da Assembléia Nacional e do Presidium. Foi também membro da Administração Política Principal e membro do Departamento de Órgãos Administrativos e primeiro secretário do partido no Ministério da Defesa, onde também foi chefe do estado-maior. Sua posição mais importante foi a de secretário do poderoso Conselho de Defesa, que era o mais alto corpo decisório em questões de defesa, inteligência, política externa e economia. Sejna era um oficial e funcionário do mais alto escalão, com acesso a informações sobre planos e operações ultra-secretos. Ele se encontrava regularmente com os mais altos funcionários da União Soviética e de outros países comunistas. Mas Sejna parece não ter tido muita sorte na escolha do momento para desertar, pois foi muito mal recebido nos EUA, que já no primeiro mandato de Richard Nixon, não parecia quere ouvir nada que atrapalhasse a pretendida détente (distensão) com os países do Leste Europeu e com a China. Henry Kissinger veio a ter papel importante na negação das evidências e indícios coletados pela inteligência americana ou por aliados e corroborados por Sejna.
De qualquer maneira, muitos analistas e agentes de órgãos da inteligência americana o ouviram e lhe deram crédito. Se nenhuma ação eficaz foi empreendida no sentido de combater a política soviética e chinesa, é assunto que será analisado mais à frente.
Segundo Sejna, um dos objetivos de longo prazo do plano estratégico comunista era a destruição das religiões tradicionais: Cristianismo, Islã, Judaísmo e Budismo. Porém, nas etapas iniciais e intermediárias do plano, e especialmente na América Latina, os padres católicos deveriam ser cortejados e cooptados para a revolução. De acordo com o General Sejna, as projeções soviéticas indicavam que 80% dos padres latino-americanos eram antiamericanos (dados de 1967), 60% tinham tendências políticas de esquerda e 65% (especialmente os padres mais jovens), usavam algum tipo de droga. Os soviéticos acreditavam que esses padres jovens teriam grande influência nos vinte anos seguintes e havia três razões para trabalhar com eles: para ajudar a avançar a revolução, para usar a Igreja Católica na distribuição de drogas e para usá-los na obtenção de informações adicionais acerca das redes de tráfico já existentes.
A porção tchecoslovaca da operação soviética começou em 1960, em duas frentes: Ásia (Indonésia, Índia e Burma [Mianmar]) e América Latina (Cuba).
Cuba tinha e tem especial relevância para o crescimento do fluxo de drogas ilegais para os Estados Unidos.
Entre agosto e setembro de 1960, apenas um ano e meio após Fidel Castro ter tomado o poder, seu irmão Raúl Castro visitou a Tchecoslováquia em busca de assistência militar.
Naquela época, Fidel e os soviétics nutriam desconfiança mútua e foi este o mootivo da aproximação via Tchecoslováquia.
Sejna foi o responsável por receber a delegação cubana e atuar como anfitrião.
Mas uma de suas primeiras ações foi arranjar um encontro com Khruschev. Logo após a visita, os soviéticos instruíram os tchecoslovacos a trabalhar com os cubanos, mas sem que estes soubessem do papel soviético.
Muitos agentes da KGB se fizeram passar por assessores militares ou técnicos da Tchecoslováquia.
O objetivo era duplo: não deixar que Fidel soubesse da infiltração e não levantar suspeitas entre os americanos.
Cuba e Tchecoslováquia logo fizeram um acordo de cooperação e assistência militar (treinamento e equipamento) e ajuda na organização dos serviços de inteligência e contra-inteligência cubanos.
Uma das principais tarefas era aumentar o potencial cubano na produção e distribuição de drogas para os Estados Unidos, especialmente via México e Canadá.
No México, a Tchecoslováquia já tinha desenvolvida uma excelente rede de agentes.
Ao longo dos anos, o México se tornou a principal rota de entrada de narcóticos nos EUA, com a cumplicidade de autoridades locais corrompidas com o dinheiro das drogas, num círculo literalmente vicioso.
Com o passar do tempo, cerca de trinta por cento de toda a droga que entrava nos EUA passou a ser através do México.
O estabelecimento de redes de agentes no México e no restante da América Latina seguiu um mesmo padrão no mundo todo: corrupção por dinheiro, chantagem, dependência das drogas ou afinidade ideológica, ressalvando-se que a URSS nunca aparecia, mas apenas seus subordinados, o que tornou Cuba uma peça chave na operação estratégica junto aos EUA.
A DGI (Dirección General de Inteligencia) cubana acabou completamente subordinada à KGB entre o final de 1968 e o início de 1969, segundo o general Sejna.
O entusiasmo de Fidel Castro pelo plano de narcotização da juventude americana era tão grande que os russos tiveram que refreá-lo, temendo uma exposição de seu próprio papel.
Mais controlada, Cuba passou a ser, então, responsável pela coordenação do tráfico de drogas para os EUA, além de coordenar o apoio a grupos terroristas da América Latina.
Além de Sejna, várias fontes (agentes do DGI que desertaram nos anos 1980, traficantes que receberam imunidade para testemunhar, etc.), confirmam o papel de Cuba, de Fidel e de Raúl Castro.
Entre os países citados como componentes do esquema de produção ou de redes de agentes, estão: México, El Salvador, República Dominicana, Nicarágua, Panamá, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Brasil, Chile, Argentina, Peru, etc.
A destruição dos filhos da “burguesia” através da drogas, especialmente os estudantes nas universidades e o financiamento e coordenação de movimentos antiamericanos ou revolucionários, era o objetivo principal, além da arrecadação de vultosos fundos para realimentar as ações de subversão.
No Chile do início dos anos 1960, o então senador Salvador Allende era um entusiasta do plano cubano-soviético.
Nos EUA, especialmente durante a Guerra do Vietnã, parte do imenso volume do dinheiro das drogas foi utilizada no apoio a movimentos pacifistas, anti-guerra nuclear, etc., seguindo o mesmo padrão de infiltração e manipulação nos campi universitários, mas também na imprensa e TV.
Foram as drogas, em oferta maciça, que alimentaram o clima de desencanto e a busca por mais drogas, e não a guerra.
A mídia americana em geral, quer por ignorância, arrogância ou colaboracionismo, encarregou-se de disseminar justamente a versão mais conveniente aos planos comunistas.
Além disso, qualquer pessoa que possua os mais elementares conhecimentos de economia sabe que é a oferta que cria a demanda, e não o contrário.
Em outras palavras: já havia o consumo de drogas nos países alvo antes do início das operações soviéticas ou chinesas, mas estas ofertaram uma quantidade de drogas tão grande e a preços relativamente baixos, que o resultado não poderia ser outro que não a explosão do consumo e do número de dependentes, multiplicando os ganhos políticos e financeiros da guerra política via drogas
A Colômbia, México, Panamá, Bolívia e Peru merecem destaque, cada um por oferecer uma vantagem específica.
Dentre estes, Colômbia, México e Panamá viriam a desempenhar papéis-chave.
Por sua enorme fronteira seca com os EUA, pela fragilidade do sistema político, que por sua vez tornava as autoridades judiciais e policiais alvos fáceis de chantagem ou de corrupção, o México tornou-se rota livre para as drogas e quase todas as ações de repressão ao tráfico, ou eram boicotadas e reveladas com antecedência, ou eram simplesmente de fachada.
A Colômbia é outro capítulo especial, em função dos infames cartéis da droga (Medellín, Cali) e de nomes como Pablo Escobar.
É importante notar que o plano cubano-soviético não fazia distinção quanto aos parceiros úteis:
os cartéis não tinham nenhuma afinidade ideológica com os movimentos revolucionários ou com o comunismo, mas o lucrativo negócio das drogas exigia que fizessem política de boa vizinhança com os terroristas, (M-19 e depois as FARC), fornecendo-lhes armas em troca de proteção e informações, estas repassadas pelos soviéticos, via DGI.
O mesmo pode ser dito da Máfia, na Europa ou nos EUA. Para os cartéis e para as máfias, era apenas uma forma de incrementar os negócios e para isso não precisavam nem queriam saber quem poderia estar fornecendo a inteligência de várias operações internacionais.
Para os soviéticos, tal desinteresse era mais do que apenas conveniente.
Os primeiros passos da ajuda americana para a Colômbia foram dados em 1989, pelo presidente George H. W. Bush (Bush pai), com o envio de dinheiro e ajuda militar para o combate aos cartéis. Ainda não era o Plano Colômbia de Bill Clinton (que também só visava combater os cartéis e não os narcoterroristas). Mas isto escapa à análise contida na 1ª edição do livro, que pára em 1989.
O papel do Panamá é entendido melhor quando o autor, Joseph Douglass, Jr., analisa a passividade e a incompetência do governo americano no combate à estratégia soviética.
A Inação Americana
Já nos anos 1950, Harry Anslinger, Comissário do Governo dos Estados Unidos para Narcóticos trabalhava duro para convencer seus superiores de que a China comunista, e não a Máfia, era a força principal no tráfico de drogas:
“O maior traficante é Pequim, e não a Máfia”.
Anslinger forneceu ampla base de dados ao Congresso americano e também à ONU.
Mas em 1962, o governo americano parou de dar atenção e publicidade ao assunto.
Havia pessoas interessadas em cultivar boas relações com a China comunista.
Portanto, talvez não seja coincidência que em 1961, ano em que Anslinger se aposentou, o pessoal pró-China bandeou-se para o Departamento de Estado (que é a burocracia que de fato executa a política externa americana).
O autor de Red Cocaine fez uso extremamente hábil de um exemplo célebre para ilustrar tanto as inexplicáveis ações da burocracia americana como para demonstrar a validade das avaliações apresentadas pelo General Sejna, que havia desertado em 1968.
Triângulo das drogas na fronteira chinesa: exemplo de manipulação para evitar um conflito com os comunistas
Em 1970, o mapa foi repassado para o Bureau de Narcóticos e Drogas Perigosas, antecessor da DEA (Drug Enforcement Agency).
Meses depois, uma nova versão do mapa emergiu da Casa Branca.
De uma penada, a China comunista saiu do Golden Triangle.
À época, o funcionário encarregado de presidir o Comitê de Narcóticos era Henry Kissinger, mas este raramente aparecia nas reuniões e demonstrava pouquíssimo interesse pelo assunto.
O General Alexander Haig normalmente presidia as reuniões e se esforçava para abafar os esforços daqueles que tentavam combater o comércio de heroína.
Quando o Departamento de Defesa começou a usar aviões de reconhecimento para identificar campos de plantação de papoula na região, Kissinger determinou a interrupção dos vôos, para que estes não ameaçassem a política de détente (distensão) com a China.
Segundo o autor, análises independentes indicam que, apesar da boa vontade de vários presidentes americanos, a começar por Nixon, o combate ao tráfico de drogas foi minado desde dentro, pela burocracia e por funcionários do alto escalão.
O problema das drogas foi usado para erguer um império de poder e influência dentro da administração, provocar uma avalanche de manchetes manipuladas na mídia e fornecer as justificativas para a organização de uma política nacional antidrogas orientada a partir da Casa Branca, que na verdade, seria usada para objetivos políticos internos.
Houve ordens expressas para que cessassem todas as manifestações e relatórios que mencionassem a China comunista como envolvida no tráfico de drogas.
Além disso, segundo Douglass, funcionários de alto escalão já tinham um histórico de fazer uso do problema das drogas para ganhos políticos pessoais.
Um outro exemplo de clamorosa estupidez, dificuldade de comunicação ou de escandalosa má-fé fornecido pelo autor de Red Cocaine é o episódio da deserção do coronel da inteligência búlgara, Stefan Sverdlev, em 1970, quando ele trouxe documentos do governo búlgaro que comprovavam o envolvimento deste no tráfico internacional de drogas.
Nos EUA, uma grande conflagração social e étnica via guerra de gangues já é vista em capítulos diários.
No Brasil, a situação não envolve origens étnicas, mas a violência resultante do tráfico do crack é igual ou maior.
Para aqueles que apreciam algum grafismo na linguagem, a estratégia comunista é destruir a pirâmide social dos países alvo minando a base e corroendo o topo.
Já nos caso das drogas sintéticas modernas, isto é, pós anos 1960, os objetivos eram de obter drogas de altíssima potência e de dificílima detecção, quer em buscas ou em exames toxicológicos.
em 11 de março de 2009
Análise - Resenhas
Dr.
Joseph D. Douglass, Jr é consultor de assuntos de segurança, com 43
anos de experiência em políticas de defesa, tecnologia e de
inteligência.
Ele
trabalhou para o governo americano como vice-diretor do Escritório de
Tecnologia Tática da Agência de Projetos Avançados e também com vários
prestadores de serviços de defesa baseados em Washington, DC.
Serviu
em vários conselhos de ciência e estudos de defesa e até 1990, foi
consultor e assessor de várias agências governamentais americanas e de
institutos sem fins lucrativos.
Recebeu
seu bacharelado, mestrado e doutorado da Universidade Cornell. Lá ele
lecionou e também na Escola de Pós-Graduação Naval e na escola de
Relações Internacionais Johns Hopkins. Foi autor ou co-autor de vários
livros e relatórios, alguns secretos. Dentre os acessíveis ao público
estão:
Soviet Strategy for Nuclear War (Hoover Institute),
America, the Vulnerable: The Threat of Chemical and Biological Warfare (Lexington Books)
e Communist Decision Making: An Inside View (Pergamon-Brassey’s).
America, the Vulnerable: The Threat of Chemical and Biological Warfare (Lexington Books)
e Communist Decision Making: An Inside View (Pergamon-Brassey’s).
O leitor que se debruçar sobre Red Cocaine deverá se preparar de duas maneiras: redobrar a atenção para nomes e datas e certificar-se de que possui um estômago capaz de digerir um detalhadíssimo relatório sobre algumas das mais pérfidas e prolongadas ações perpetradas por regimes e indivíduos em toda a história.
O estilo seco, quase monocórdio, de um autor acostumado a análises técnicas minuciosas, não consegue abafar a revolta que se revela através das repetidas menções aos objetivos dos agressores (os traficantes estatais comunistas) tanto quanto através da semi-perplexidade diante da inação e inépcia das autoridades americanas e ocidentais em geral.
Red Cocaine traça o quadro geral, dá os antecedentes históricos, apresenta a evolução do planejamento estratégico de longo prazo chinês e soviético quanto ao uso das drogas como arma política e química contra os soldados e oficiais americanos, mas principalmente, contra a juventude americana a médio e longo prazos.
Ao contrário de tantos livros sobre teorias conspiratórias, Joseph D. Douglass, Jr. não apresenta teoria nenhuma, mas sim provas, documentos oficiais de vários países envolvidos, testemunhos de desertores e depoimentos de traficantes em processo de julgamento.
Douglass começa por alertar quanto a um modo de pensar já bastante enraizado, ou seja, de que de um lado haveria apenas os traficantes das Máfias “locais”, organizações inescrupulosas por natureza, e do outro, os usuários de drogas, sem levar em consideração outra possibilidade:
a epidemia, ou pandemia das drogas ilegais, como resultado de estratégias de guerra política orquestradas por vários países comunistas contra o Ocidente em geral e contra os Estados Unidos em particular, em combinação com as organizações criminosas locais, com ou sem o conhecimento destas, especialmente quanto aos objetivos estratégicos de longo prazo.
Em seguida, a guisa de introdução mais abrangente, o autor dá uma visão panorâmica dos acontecimentos então recentes, ou seja, as ações cubanas na América Latina, especialmente na Colômbia dos cartéis, já citando a atuação das FARC em conjunto com a política cubana de exportação de cocaína e de outras drogas para os EUA e com isso, o financiamento de ações de movimentos terroristas e revolucionários.
O ano era 1989 e George H. W. Bush acabava de assumir a presidência quando decidiu por um plano de ajuda à Colômbia no combate ao tráfico de drogas.
Ainda não era o Plano Colômbia, urdido por Bill Clinton e que só beneficiou as FARC em detrimento dos cartéis, como o de Medellín, p.ex..
Mas a Colômbia já estava tão infiltrada e corrompida, que os esforços de Bush pai tiveram resultado quase nulo.
Foi necessária a ascensão de Alvaro Uribe para que o quadro mudasse, mas isso está além do escopo temporal do livro.
De todo modo, a coordenação cubana do tráfico de drogas na América Latina e desta para os EUA, já é um quarto estágio, ou degrau, na estratégia comunista de guerra política via drogas. Vamos às origens.
As Origens da Estratégia Comunista de Guerra Política Via Drogas
No início dos anos 1950, Mao Tse-tung e Chou En-lai se encarregaram pessoalmente de planejar o que viria a ser um grande esquema de tráfico de drogas, vendidas a preço baixo para os soldados americanos na Coréia, no Japão e em Okinawa.
O Partido Comunista Japonês teve participação, tanto na coleta de informações repassadas aos comunistas chineses, como financeira, na forma de pagamento pelos “serviços”.
Comentários sobre as operações ou a simples menção dos planos chineses era motivo para execução sumária, mesmo de generais, tamanho o grau de segredo que os comunistas chineses deram à execução de seus intentos.
Os objetivos chineses eram basicamente os seguintes:
1. Com o dinheiro do tráfico, financiar atividades subversivas no exterior;
2. Corromper e enfraquecer o moral dos povos do mundo livre;
3. Destruir o moral das tropas americanas que lutavam na Coréia (e depois, no Vietnã).
Outro detalhe importante do esquema chinês era a cooperação, ou coordenação de outros países sob sua esfera de influência. Isso trazia várias vantagens, sendo uma delas o fato de que isso desviava o foco de atenção da China para a Coréia do Norte ou para o Vietnã do Norte; outra vantagem era a ampliação dos campos de produção de ópio, ainda que os principais e melhores ficassem em território chinês. Tudo isso teria o efeito de confundir os serviços de inteligência americanos e de outros países do Ocidente. Houve também muito trabalho e cuidado no desenvolvimento de heroína da melhor qualidade, i.e., com maior poder de adicção. A droga era passada aos soldados americanos através dos conhecidos traficantes locais e de prostitutas aliciadas ou chantageadas. Prisioneiros de guerra americanos e sul-coreanos foram usados como cobaias para experimentos de drogas mais refinadas e potentes, além de testes de resistência física, quando se verificou que eram justamente os bem jovens os mais propensos às overdoses.
No caso da Indochina, os chineses tiveram como primeiro alvo as tropas francesas, e obtiveram grandes êxitos: o número de soldados franceses que abandonaram seus postos ou pediram baixa já como farrapos humanos, foi estarrecedor. Oficiais franceses, quando começaram a receber ajuda material americana, repassaram a seus colegas as informações que tinham sobre as drogas e o envolvimento chinês. Os oficiais americanos, ainda em pequeno número, repassaram relatórios alarmantes aos serviços de inteligência, mas nenhuma política efetiva de contenção ou enfrentamento jamais foi tomada.
Mas já antes do envolvimento americano na Indochina, outros já estavam muitíssimo bem informados das atividades chinesas, pelas quais demonstravam grande interesse e entusiasmo: as lideranças do PCUS – Partido Comunista da União Soviética. Após a morte de Stalin em 1953, foi possível uma reaproximação da URSS com a China, pois os interesses comuns e a afinidade ideológica eram absolutamente óbvios. Os soviéticos, especialmente Nikita Khruschev, estavam fascinados com as possibilidades da guerra política através das drogas. Numa reunião do Partido, questionado sobre a moralidade do uso de drogas como arma, Khruschev respondeu que qualquer coisa que causasse dano aos capitalistas e avançasse a revolução era moralmente justificado.
Mas os soviéticos ainda precisavam aprender algumas coisas com os chineses, que se mostraram relutantes em cooperar plenamente. Sem maior cerimônia, os russos cooptaram agentes chineses ligados ao tráfico e passaram, a partir dali, a desenvolver seus próprios métodos, muito mais amplos e sofisticados. Todavia, é importante ressaltar que a estratégia soviética de guerra revolucionária é uma estratégia global, que envolvia desinformação, engodo e propaganda. A estratégia de narcotráfico soviética é um sub-componente dessa estratégia e é mais bem compreendida nesse contexto.
Tanto quanto a China fez uso de outros países, a URSS optou pela Tchecoslováquia para dar início ao seu plano de ampliação da guerra via drogas. Mais tarde, outros satélites soviéticos participariam das operações, especialmente a Bulgária, mas em meados dos anos 1950, a Tchecoslováquia era a mais bem equipada tecnicamente, além de ter a grande vantagem de manter boas relações comerciais e diplomáticas com vários países ocidentais, o que facilitaria a coleta de dados e o estabelecimento de redes de agente e colaboradores locais.
Para tornar a Tchecoslováquia um subordinado eficaz na guerra política via narcotráfico, os soviéticos transferiram a membros selecionados dos serviços de inteligência e do Partido tchecoslovaco, planos de cursos que instruíam sobre:
1. Natureza do comércio de drogas, tipos e qualidades;
2. Meios de produção;
3. Organização da produção;
4. Mercados e consumidores;
5 . Segurança;
6. Infiltração nas redes de produção existentes;
7. Uso da experiência das redes de inteligência;
8. Comunicação no interior das organizações de tráfico;
9. Como transmitir informação;
10. Como recrutar fontes de inteligência.
O primeiro nível estratégico da guerra contra o Ocidente envolvia o engodo, a desinformação e a propaganda. O segundo nível pretendia a destruição do capitalismo com seu próprio dinheiro gasto em drogas. Quando do sucesso das duas primeiras etapas, viria então a terceira: o rolar dos tanques soviéticos sobre a Europa.
À medida que cresciam as operações de tráfico do bloco soviético, a organização tornou-se mais complexa, mas com o mesmo grau de segredo e compartimentalização (“saiba somente o que é necessário saber”) Muitos estavam envolvidos, mas poucos sabiam do propósito da operação ou nem mesmo da participação e coordenação soviética.
Praticamente todos os dados apresentados no livro de Douglass acerca da guerra política dos soviéticos provêm da extraordinária memória de um homem: Jan Sejna, que desertou da Tchecoslováquia para os Estados Unidos em 1968. Mas o General Jan Sejna não era um desertor comum e muito menos uma fonte comum. Ele foi membro do Comitê Central do PC Tchecoslovaco, da Assembléia Nacional e do Presidium. Foi também membro da Administração Política Principal e membro do Departamento de Órgãos Administrativos e primeiro secretário do partido no Ministério da Defesa, onde também foi chefe do estado-maior. Sua posição mais importante foi a de secretário do poderoso Conselho de Defesa, que era o mais alto corpo decisório em questões de defesa, inteligência, política externa e economia. Sejna era um oficial e funcionário do mais alto escalão, com acesso a informações sobre planos e operações ultra-secretos. Ele se encontrava regularmente com os mais altos funcionários da União Soviética e de outros países comunistas. Mas Sejna parece não ter tido muita sorte na escolha do momento para desertar, pois foi muito mal recebido nos EUA, que já no primeiro mandato de Richard Nixon, não parecia quere ouvir nada que atrapalhasse a pretendida détente (distensão) com os países do Leste Europeu e com a China. Henry Kissinger veio a ter papel importante na negação das evidências e indícios coletados pela inteligência americana ou por aliados e corroborados por Sejna.
De qualquer maneira, muitos analistas e agentes de órgãos da inteligência americana o ouviram e lhe deram crédito. Se nenhuma ação eficaz foi empreendida no sentido de combater a política soviética e chinesa, é assunto que será analisado mais à frente.
Segundo Sejna, um dos objetivos de longo prazo do plano estratégico comunista era a destruição das religiões tradicionais: Cristianismo, Islã, Judaísmo e Budismo. Porém, nas etapas iniciais e intermediárias do plano, e especialmente na América Latina, os padres católicos deveriam ser cortejados e cooptados para a revolução. De acordo com o General Sejna, as projeções soviéticas indicavam que 80% dos padres latino-americanos eram antiamericanos (dados de 1967), 60% tinham tendências políticas de esquerda e 65% (especialmente os padres mais jovens), usavam algum tipo de droga. Os soviéticos acreditavam que esses padres jovens teriam grande influência nos vinte anos seguintes e havia três razões para trabalhar com eles: para ajudar a avançar a revolução, para usar a Igreja Católica na distribuição de drogas e para usá-los na obtenção de informações adicionais acerca das redes de tráfico já existentes.
Cuba e o Narcoterrorismo na América Latina
Cuba tinha e tem especial relevância para o crescimento do fluxo de drogas ilegais para os Estados Unidos.
Entre agosto e setembro de 1960, apenas um ano e meio após Fidel Castro ter tomado o poder, seu irmão Raúl Castro visitou a Tchecoslováquia em busca de assistência militar.
Naquela época, Fidel e os soviétics nutriam desconfiança mútua e foi este o mootivo da aproximação via Tchecoslováquia.
Sejna foi o responsável por receber a delegação cubana e atuar como anfitrião.
Mas uma de suas primeiras ações foi arranjar um encontro com Khruschev. Logo após a visita, os soviéticos instruíram os tchecoslovacos a trabalhar com os cubanos, mas sem que estes soubessem do papel soviético.
Muitos agentes da KGB se fizeram passar por assessores militares ou técnicos da Tchecoslováquia.
O objetivo era duplo: não deixar que Fidel soubesse da infiltração e não levantar suspeitas entre os americanos.
Cuba e Tchecoslováquia logo fizeram um acordo de cooperação e assistência militar (treinamento e equipamento) e ajuda na organização dos serviços de inteligência e contra-inteligência cubanos.
Mais da metade dos instrutores “tchecoslovacos” eram, na verdade, soviéticos.
Uma das principais tarefas era aumentar o potencial cubano na produção e distribuição de drogas para os Estados Unidos, especialmente via México e Canadá.
No México, a Tchecoslováquia já tinha desenvolvida uma excelente rede de agentes.
Ao longo dos anos, o México se tornou a principal rota de entrada de narcóticos nos EUA, com a cumplicidade de autoridades locais corrompidas com o dinheiro das drogas, num círculo literalmente vicioso.
Com o passar do tempo, cerca de trinta por cento de toda a droga que entrava nos EUA passou a ser através do México.
O estabelecimento de redes de agentes no México e no restante da América Latina seguiu um mesmo padrão no mundo todo: corrupção por dinheiro, chantagem, dependência das drogas ou afinidade ideológica, ressalvando-se que a URSS nunca aparecia, mas apenas seus subordinados, o que tornou Cuba uma peça chave na operação estratégica junto aos EUA.
A DGI (Dirección General de Inteligencia) cubana acabou completamente subordinada à KGB entre o final de 1968 e o início de 1969, segundo o general Sejna.
O entusiasmo de Fidel Castro pelo plano de narcotização da juventude americana era tão grande que os russos tiveram que refreá-lo, temendo uma exposição de seu próprio papel.
Mais controlada, Cuba passou a ser, então, responsável pela coordenação do tráfico de drogas para os EUA, além de coordenar o apoio a grupos terroristas da América Latina.
Fidel e Raúl Castro estão diretamente envolvidos nessa dupla coordenação.
Além de Sejna, várias fontes (agentes do DGI que desertaram nos anos 1980, traficantes que receberam imunidade para testemunhar, etc.), confirmam o papel de Cuba, de Fidel e de Raúl Castro.
Entre os países citados como componentes do esquema de produção ou de redes de agentes, estão: México, El Salvador, República Dominicana, Nicarágua, Panamá, Colômbia, Bolívia, Venezuela, Brasil, Chile, Argentina, Peru, etc.
A destruição dos filhos da “burguesia” através da drogas, especialmente os estudantes nas universidades e o financiamento e coordenação de movimentos antiamericanos ou revolucionários, era o objetivo principal, além da arrecadação de vultosos fundos para realimentar as ações de subversão.
No Chile do início dos anos 1960, o então senador Salvador Allende era um entusiasta do plano cubano-soviético.
Nos EUA, especialmente durante a Guerra do Vietnã, parte do imenso volume do dinheiro das drogas foi utilizada no apoio a movimentos pacifistas, anti-guerra nuclear, etc., seguindo o mesmo padrão de infiltração e manipulação nos campi universitários, mas também na imprensa e TV.
Foram as drogas, em oferta maciça, que alimentaram o clima de desencanto e a busca por mais drogas, e não a guerra.
A mídia americana em geral, quer por ignorância, arrogância ou colaboracionismo, encarregou-se de disseminar justamente a versão mais conveniente aos planos comunistas.
Além disso, qualquer pessoa que possua os mais elementares conhecimentos de economia sabe que é a oferta que cria a demanda, e não o contrário.
Em outras palavras: já havia o consumo de drogas nos países alvo antes do início das operações soviéticas ou chinesas, mas estas ofertaram uma quantidade de drogas tão grande e a preços relativamente baixos, que o resultado não poderia ser outro que não a explosão do consumo e do número de dependentes, multiplicando os ganhos políticos e financeiros da guerra política via drogas
A Colômbia, México, Panamá, Bolívia e Peru merecem destaque, cada um por oferecer uma vantagem específica.
Dentre estes, Colômbia, México e Panamá viriam a desempenhar papéis-chave.
Por sua enorme fronteira seca com os EUA, pela fragilidade do sistema político, que por sua vez tornava as autoridades judiciais e policiais alvos fáceis de chantagem ou de corrupção, o México tornou-se rota livre para as drogas e quase todas as ações de repressão ao tráfico, ou eram boicotadas e reveladas com antecedência, ou eram simplesmente de fachada.
A Colômbia é outro capítulo especial, em função dos infames cartéis da droga (Medellín, Cali) e de nomes como Pablo Escobar.
É importante notar que o plano cubano-soviético não fazia distinção quanto aos parceiros úteis:
os cartéis não tinham nenhuma afinidade ideológica com os movimentos revolucionários ou com o comunismo, mas o lucrativo negócio das drogas exigia que fizessem política de boa vizinhança com os terroristas, (M-19 e depois as FARC), fornecendo-lhes armas em troca de proteção e informações, estas repassadas pelos soviéticos, via DGI.
O mesmo pode ser dito da Máfia, na Europa ou nos EUA. Para os cartéis e para as máfias, era apenas uma forma de incrementar os negócios e para isso não precisavam nem queriam saber quem poderia estar fornecendo a inteligência de várias operações internacionais.
Para os soviéticos, tal desinteresse era mais do que apenas conveniente.
Os primeiros passos da ajuda americana para a Colômbia foram dados em 1989, pelo presidente George H. W. Bush (Bush pai), com o envio de dinheiro e ajuda militar para o combate aos cartéis. Ainda não era o Plano Colômbia de Bill Clinton (que também só visava combater os cartéis e não os narcoterroristas). Mas isto escapa à análise contida na 1ª edição do livro, que pára em 1989.
O papel do Panamá é entendido melhor quando o autor, Joseph Douglass, Jr., analisa a passividade e a incompetência do governo americano no combate à estratégia soviética.
A Inação Americana
Já nos anos 1950, Harry Anslinger, Comissário do Governo dos Estados Unidos para Narcóticos trabalhava duro para convencer seus superiores de que a China comunista, e não a Máfia, era a força principal no tráfico de drogas:
“O maior traficante é Pequim, e não a Máfia”.
Anslinger forneceu ampla base de dados ao Congresso americano e também à ONU.
Mas em 1962, o governo americano parou de dar atenção e publicidade ao assunto.
Havia pessoas interessadas em cultivar boas relações com a China comunista.
Portanto, talvez não seja coincidência que em 1961, ano em que Anslinger se aposentou, o pessoal pró-China bandeou-se para o Departamento de Estado (que é a burocracia que de fato executa a política externa americana).
O autor de Red Cocaine fez uso extremamente hábil de um exemplo célebre para ilustrar tanto as inexplicáveis ações da burocracia americana como para demonstrar a validade das avaliações apresentadas pelo General Sejna, que havia desertado em 1968.
Em 1969, o presidente Richard Nixon declarou guerra às drogas.
Uma
das primeiras ações foi a de identificar as fontes do problema. Num
desses esforços, analistas da CIA começaram a examinar o tráfico que
emanava do Sudeste da Ásia.
A partir de uma enorme quantidade de detalhes coletados de variadas fontes, foi desenhado o mapa da região denominada “Golden Triangle”, considerada a principal fonte de drogas.
O triângulo incluía partes da Tailândia, Burma (Mianmar), Laos, e especialmente a província de Yunan, na China comunista.
O triângulo está apresentado em linha cheia na figura mais adiante. Essa avaliação é idêntica àquela apresentada por Sejna, esta baseada em estudos da inteligência tchecoslovaca e soviética.
A partir de uma enorme quantidade de detalhes coletados de variadas fontes, foi desenhado o mapa da região denominada “Golden Triangle”, considerada a principal fonte de drogas.
O triângulo incluía partes da Tailândia, Burma (Mianmar), Laos, e especialmente a província de Yunan, na China comunista.
O triângulo está apresentado em linha cheia na figura mais adiante. Essa avaliação é idêntica àquela apresentada por Sejna, esta baseada em estudos da inteligência tchecoslovaca e soviética.
Triângulo das drogas na fronteira chinesa: exemplo de manipulação para evitar um conflito com os comunistas
Em 1970, o mapa foi repassado para o Bureau de Narcóticos e Drogas Perigosas, antecessor da DEA (Drug Enforcement Agency).
Meses depois, uma nova versão do mapa emergiu da Casa Branca.
O “novo” triângulo agora era aquele representado pela linha descontínua.
De uma penada, a China comunista saiu do Golden Triangle.
À época, o funcionário encarregado de presidir o Comitê de Narcóticos era Henry Kissinger, mas este raramente aparecia nas reuniões e demonstrava pouquíssimo interesse pelo assunto.
O General Alexander Haig normalmente presidia as reuniões e se esforçava para abafar os esforços daqueles que tentavam combater o comércio de heroína.
Quando o Departamento de Defesa começou a usar aviões de reconhecimento para identificar campos de plantação de papoula na região, Kissinger determinou a interrupção dos vôos, para que estes não ameaçassem a política de détente (distensão) com a China.
Segundo o autor, análises independentes indicam que, apesar da boa vontade de vários presidentes americanos, a começar por Nixon, o combate ao tráfico de drogas foi minado desde dentro, pela burocracia e por funcionários do alto escalão.
O problema das drogas foi usado para erguer um império de poder e influência dentro da administração, provocar uma avalanche de manchetes manipuladas na mídia e fornecer as justificativas para a organização de uma política nacional antidrogas orientada a partir da Casa Branca, que na verdade, seria usada para objetivos políticos internos.
Houve ordens expressas para que cessassem todas as manifestações e relatórios que mencionassem a China comunista como envolvida no tráfico de drogas.
Além disso, segundo Douglass, funcionários de alto escalão já tinham um histórico de fazer uso do problema das drogas para ganhos políticos pessoais.
Um outro exemplo de clamorosa estupidez, dificuldade de comunicação ou de escandalosa má-fé fornecido pelo autor de Red Cocaine é o episódio da deserção do coronel da inteligência búlgara, Stefan Sverdlev, em 1970, quando ele trouxe documentos do governo búlgaro que comprovavam o envolvimento deste no tráfico internacional de drogas.
A CIA confirmou a Bulgária como novo centro de distribuição de drogas e armas.
E,
no entanto, um outro departamento do governo americano mandou
funcionários a Sofia, capital da Bulgária, para estabelecer cooperação
aduaneira no combate ao tráfico de drogas!
Somente em 1981 os americanos chegaram à conclusão de que a cooperação búlgara não era lá muito eficaz.
Mas pior do que isso é que o treinamento americano em técnicas de identificação de narcóticos se estendeu à China e também a países do Leste Europeu.
Durante o breve escândalo búlgaro, a revista Forbes publicou matéria revelando que a lavagem do dinheiro do tráfico da Bulgária era facilitada pelos bancos suíços Credit Suisse e UBS.
Absolutamente nenhuma medida de ordem prática foi tomada contra esses bancos.
E é neste ponto que o livro parece revelar outro tom, sem perder a linha analítica:
é o tom da indignação mal disfarçada, da frustração e do desalento diante do avanço literalmente incontido das drogas nos Estados Unidos e no Ocidente em geral.
Douglass deixa claro que não havia como ignorar a imensidão de dados levantados pelas próprias agências do governo, especialmente pela NSA e por alguns setores da CIA e da DEA.
Ele faz questão de frisar que havia gente trabalhando sério no combate ao tráfico, ao ponto de serem torturados e assassinados - tal como o agente da DEA, Enrique “Kiki” Camarena, assassinado no México por policiais corruptos, sem que ninguém fosse punido –, mas que dentro dessas mesmas agências e nos Departamento de Estado e do Tesouro havia um muro de resistência a qualquer investigação ou ação mais direta quanto à lavagem de dinheiro e rastreamento de recursos financeiros que saíam ou entravam nos EUA.
E os valores são altíssimos: no início dos anos 1980, estimava-se que cidadãos americanos gastavam entre US$80 bilhões e US$110 bilhões por ano com drogas ilegais.
No final da década, esses valores chegavam a US$300 bilhões, enquanto os gastos mundiais chegavam a US$500 bilhões.
Algumas estimativas apontavam o valor de US$ 1 trilhão.
O autor ressalta que há uma lei americana que ‘obriga’ os bancos a relatar saques e depósitos superiores a dez mil dólares.
Muitas instituições financeiras foram investigadas e acusadas de operações de lavagem de dinheiro.
Um banco foi acusado de cometer dezessete mil violações da lei federal de transações em espécie.
Mas houve pouquíssimos indiciamentos ou aplicações de multas pesadas.
Tampouco foi dada muita publicidade ao assunto.
Mas o autor, ironicamente, ressalta: não há negócio no mundo que gire US$ 500 bilhões ao ano e que não tenha a ativa e bem informada assistência de bancos e instituições financeiras.
Ramon Milian Rodriguez, um dos responsáveis pela lavagem e investimentos dos recursos do Cartel de Medellín, foi preso nos EUA em maio de 1983.
Em 1988, diante de uma Comissão do Congresso, relatou aos senadores John Kerry (Democrata) e Alphonse D’Amato (Republicano) de que forma, com a assistência das Forças de Defesa do Panamá, ele transferiu enormes quantias através dos bancos do Panamá, já então um paraíso fiscal criado com o beneplácito do governo e dos bancos americanos, e como era cortejado pelos bancos de Nova York.
Segundo Rodriguez, “os bancos de Nova York não são bobos... o tempo todo sabiam com quem estavam lidando”.
Os bancos apontados por Rodriguez compunham uma espécie de who’s who das altas finanças dos Estados Unidos:
Já a rede de TV ABC identificou o Citibank, o Marine Midland (de propriedade de banqueiros chineses de Hong Kong), o Chase Manhattan (dos Rockefeller) e o Irving Trust, além da maioria dos 250 bancos e sucursais de bancos estrangeiros em Miami como envolvidos na lavagem de dinheiro das drogas.
Além da lavagem de dinheiro, esses bancos americanos, acrescidos de instituições financeiras do Japão, Grã-Bretanha, Alemanha Ocidental, Itália, França e Suíça fizeram vultosos empréstimos a países do Terceiro Mundo produtores de ópio ou coca e também a países do bloco soviético, que por sua vez, coordenavam o tráfico.
Encorajar exatamente esse tipo de transações comerciais e financeiras foi um dos principais objetivos políticos sob Lenin, Stalin, Khruschev, Brezhnev e, é claro, Gorbachev.
Mas encorajar tal atividade tem sido também um dos maiores objetivos da política externa americana desde 1969.
O que o livro não consegue esclarecer é se os bancos e grandes empresas é que encorajam essa política do Departamento de Estado ou é este que incentiva a aqueles.
Outro padrão verificado por Douglass é o do péssimo tratamento dispensado a desertores de alto-escalão do bloco soviético por parte de setores da CIA, Departamento de Estado e imprensa.
O que aconteceu com o General Sejna, que foi desprezado, achincalhado, humilhado e caluniado, não foi muito diferente daquilo que aconteceu ao estrategista e analista da KGB, Anatoliy Golitsyn e ao general romeno Ian Pacepa.
Além de desacreditá-los sem razão aparente, veiculando aquilo que os soviéticos mesmos diziam a respeito desses “vilões desertores”, grande parte dos serviços de inteligência dos EUA parecia não ter a menor idéia da importância das informações estratégicas que tais homens lhes forneciam.
O autor coloca em dúvida a possibilidade de que tanta hostilidade a quem trazia informações vitais para a segurança e o futuro dos EUA, somada às estranhas políticas de inteligência e de relações exteriores americanas, seja mera coincidência.
Um relatório do Departamento de Estado, de setembro de 1988, declarava:
Douglass ironiza: “Se está funcionado, é forçoso perguntar: para quem?”.
Mais enfático ainda foi o Dr. Jeffrey Eisenach, da Heritage Foundation: “[No futuro] a política americana quanto às drogas permanecerá o que é hoje: uma gigantesca negação de responsabilidade”.
O autor faz um breve relato sobre aparecimento do crack nos EUA no início dos anos 1980 e de sua rápida disseminação pelo mundo, incluindo o Brasil [o crack é um potente derivado de uma forma de pasta de coca, chamada de base livre, liberada quando fumada].
Seu poder de “adicção” [do inglês addiction], ou viciador, é multiplicado e há casos de dependentes a partir da primeira vez que fizeram uso da droga.
Ao contrário da cocaína, o crack é uma droga barata, vendida em regiões pobres dos grandes centros urbanos.
Nos EUA, imigrantes jamaicanos, haitianos e negros americanos, dominam ou disputam o controle da venda, mas também do consumo.
Nas palavras do especialista americano M.M. Kirsch, o marketing do crack “é direcionado aos jovens e ignorantes”.
O grande número de assassinatos em disputas de traficantes, ou de viciados, em função de pequenas dívidas com os traficantes é dado comum aos EUA e ao Brasil, p.ex.
Somente em 1981 os americanos chegaram à conclusão de que a cooperação búlgara não era lá muito eficaz.
Mas pior do que isso é que o treinamento americano em técnicas de identificação de narcóticos se estendeu à China e também a países do Leste Europeu.
Os Bancos, Lavagem de Dinheiro e Outros Interesses Escusos
Absolutamente nenhuma medida de ordem prática foi tomada contra esses bancos.
E é neste ponto que o livro parece revelar outro tom, sem perder a linha analítica:
é o tom da indignação mal disfarçada, da frustração e do desalento diante do avanço literalmente incontido das drogas nos Estados Unidos e no Ocidente em geral.
Douglass deixa claro que não havia como ignorar a imensidão de dados levantados pelas próprias agências do governo, especialmente pela NSA e por alguns setores da CIA e da DEA.
Ele faz questão de frisar que havia gente trabalhando sério no combate ao tráfico, ao ponto de serem torturados e assassinados - tal como o agente da DEA, Enrique “Kiki” Camarena, assassinado no México por policiais corruptos, sem que ninguém fosse punido –, mas que dentro dessas mesmas agências e nos Departamento de Estado e do Tesouro havia um muro de resistência a qualquer investigação ou ação mais direta quanto à lavagem de dinheiro e rastreamento de recursos financeiros que saíam ou entravam nos EUA.
E os valores são altíssimos: no início dos anos 1980, estimava-se que cidadãos americanos gastavam entre US$80 bilhões e US$110 bilhões por ano com drogas ilegais.
No final da década, esses valores chegavam a US$300 bilhões, enquanto os gastos mundiais chegavam a US$500 bilhões.
Algumas estimativas apontavam o valor de US$ 1 trilhão.
Muitas instituições financeiras foram investigadas e acusadas de operações de lavagem de dinheiro.
Um banco foi acusado de cometer dezessete mil violações da lei federal de transações em espécie.
Mas houve pouquíssimos indiciamentos ou aplicações de multas pesadas.
Tampouco foi dada muita publicidade ao assunto.
Mas o autor, ironicamente, ressalta: não há negócio no mundo que gire US$ 500 bilhões ao ano e que não tenha a ativa e bem informada assistência de bancos e instituições financeiras.
Ramon Milian Rodriguez, um dos responsáveis pela lavagem e investimentos dos recursos do Cartel de Medellín, foi preso nos EUA em maio de 1983.
Em 1988, diante de uma Comissão do Congresso, relatou aos senadores John Kerry (Democrata) e Alphonse D’Amato (Republicano) de que forma, com a assistência das Forças de Defesa do Panamá, ele transferiu enormes quantias através dos bancos do Panamá, já então um paraíso fiscal criado com o beneplácito do governo e dos bancos americanos, e como era cortejado pelos bancos de Nova York.
Segundo Rodriguez, “os bancos de Nova York não são bobos... o tempo todo sabiam com quem estavam lidando”.
Os bancos apontados por Rodriguez compunham uma espécie de who’s who das altas finanças dos Estados Unidos:
Citibank, Bank of America e First National Bank of Boston.
Já a rede de TV ABC identificou o Citibank, o Marine Midland (de propriedade de banqueiros chineses de Hong Kong), o Chase Manhattan (dos Rockefeller) e o Irving Trust, além da maioria dos 250 bancos e sucursais de bancos estrangeiros em Miami como envolvidos na lavagem de dinheiro das drogas.
Além da lavagem de dinheiro, esses bancos americanos, acrescidos de instituições financeiras do Japão, Grã-Bretanha, Alemanha Ocidental, Itália, França e Suíça fizeram vultosos empréstimos a países do Terceiro Mundo produtores de ópio ou coca e também a países do bloco soviético, que por sua vez, coordenavam o tráfico.
Encorajar exatamente esse tipo de transações comerciais e financeiras foi um dos principais objetivos políticos sob Lenin, Stalin, Khruschev, Brezhnev e, é claro, Gorbachev.
Mas encorajar tal atividade tem sido também um dos maiores objetivos da política externa americana desde 1969.
O que o livro não consegue esclarecer é se os bancos e grandes empresas é que encorajam essa política do Departamento de Estado ou é este que incentiva a aqueles.
Outro padrão verificado por Douglass é o do péssimo tratamento dispensado a desertores de alto-escalão do bloco soviético por parte de setores da CIA, Departamento de Estado e imprensa.
O que aconteceu com o General Sejna, que foi desprezado, achincalhado, humilhado e caluniado, não foi muito diferente daquilo que aconteceu ao estrategista e analista da KGB, Anatoliy Golitsyn e ao general romeno Ian Pacepa.
Além de desacreditá-los sem razão aparente, veiculando aquilo que os soviéticos mesmos diziam a respeito desses “vilões desertores”, grande parte dos serviços de inteligência dos EUA parecia não ter a menor idéia da importância das informações estratégicas que tais homens lhes forneciam.
O autor coloca em dúvida a possibilidade de que tanta hostilidade a quem trazia informações vitais para a segurança e o futuro dos EUA, somada às estranhas políticas de inteligência e de relações exteriores americanas, seja mera coincidência.
Um relatório do Departamento de Estado, de setembro de 1988, declarava:
Douglass ironiza: “Se está funcionado, é forçoso perguntar: para quem?”.
Mais enfático ainda foi o Dr. Jeffrey Eisenach, da Heritage Foundation: “[No futuro] a política americana quanto às drogas permanecerá o que é hoje: uma gigantesca negação de responsabilidade”.
O Crack e as “Designer Drugs”: Violência Urbana, Drogas Sintéticas de Alta Potência e o Futuro
O autor faz um breve relato sobre aparecimento do crack nos EUA no início dos anos 1980 e de sua rápida disseminação pelo mundo, incluindo o Brasil [o crack é um potente derivado de uma forma de pasta de coca, chamada de base livre, liberada quando fumada].
Seu poder de “adicção” [do inglês addiction], ou viciador, é multiplicado e há casos de dependentes a partir da primeira vez que fizeram uso da droga.
Ao contrário da cocaína, o crack é uma droga barata, vendida em regiões pobres dos grandes centros urbanos.
Nos EUA, imigrantes jamaicanos, haitianos e negros americanos, dominam ou disputam o controle da venda, mas também do consumo.
Nas palavras do especialista americano M.M. Kirsch, o marketing do crack “é direcionado aos jovens e ignorantes”.
Além disso, o crack está associado a comportamento violento.
O grande número de assassinatos em disputas de traficantes, ou de viciados, em função de pequenas dívidas com os traficantes é dado comum aos EUA e ao Brasil, p.ex.
O
que o autor parece querer deixar claro é que a estratégia de longo
prazo das drogas, do ponto de vista comunista, não se restringe aos
danos às classes médias e altas, às “elites”, mas procura destruir o
tecido social inteiro dos países alvo.
No Brasil, a situação não envolve origens étnicas, mas a violência resultante do tráfico do crack é igual ou maior.
Para aqueles que apreciam algum grafismo na linguagem, a estratégia comunista é destruir a pirâmide social dos países alvo minando a base e corroendo o topo.
Já nos caso das drogas sintéticas modernas, isto é, pós anos 1960, os objetivos eram de obter drogas de altíssima potência e de dificílima detecção, quer em buscas ou em exames toxicológicos.
Um resultado secundário dessa alta potência é a multiplicação dos lucros.
Em números aproximados, um “investimento” de US$2 mil em heroína pura renderia algo próximo a US$ 1 milhão nas ruas.
O mesmo investimento de US$2 mil em produtos químicos e equipamentos renderiam um quilo de 3-metil fentanil [3 mil vezes mais forte do que a morfina] aproximadamente US$1 bilhão nas ruas.
Também notável, segundo Douglass, é a facilidade que os traficantes têm na obtenção de produtos químicos produzidos por grandes empresas; produtos que poderiam ser facilmente controlados pelas agências americanas, européias e japonesas. A pergunta que ele faz é simples: por que não o são?
Quanto ao futuro, o autor demonstra um misto de desalento, considerando a total ineficácia e pura politicagem da maioria das ações governamentais americanas no combate às drogas, e esperança.
Esta última vem de algumas relativamente recentes iniciativas de divulgação das origens do problema através da mídia.
O que ele pensa ser imprescindível é tirar a população da letargia, ou seja, que essa deixe de acreditar nas declarações perfunctórias acerca da “guerra às drogas” e comece a cobrar resultados.
Mas para isso é preciso informação, é preciso saber quais são os inimigos de verdade. Não é possível lutar contra fantasmas.
Nesse sentido, Red Cocaine presta um enorme serviço:
informa, prova, esclarece e indica caminhos.
Mas se um relatório técnico, minucioso ao ponto de fazer referências cruzadas entre capítulos, detalhista e riquíssimo em citações e fontes de referência, pode ser também um poderoso grito de alerta, então seu nome é Red Cocaine.
Red Cocaine: The Drugging of America * [Cocaína Vermelha:
A Narcotização da América]**
Autor: Joseph D. Douglass, Jr.
Editora: (1ª edição), Clarion House, Atlanta, 1990. 280 páginas
(2ª edição), Edward Harle, 1999.
* O título da segunda edição é: Red Cocaine: The Drugging of America and the West
Em números aproximados, um “investimento” de US$2 mil em heroína pura renderia algo próximo a US$ 1 milhão nas ruas.
O mesmo investimento de US$2 mil em produtos químicos e equipamentos renderiam um quilo de 3-metil fentanil [3 mil vezes mais forte do que a morfina] aproximadamente US$1 bilhão nas ruas.
Também notável, segundo Douglass, é a facilidade que os traficantes têm na obtenção de produtos químicos produzidos por grandes empresas; produtos que poderiam ser facilmente controlados pelas agências americanas, européias e japonesas. A pergunta que ele faz é simples: por que não o são?
Quanto ao futuro, o autor demonstra um misto de desalento, considerando a total ineficácia e pura politicagem da maioria das ações governamentais americanas no combate às drogas, e esperança.
Esta última vem de algumas relativamente recentes iniciativas de divulgação das origens do problema através da mídia.
O que ele pensa ser imprescindível é tirar a população da letargia, ou seja, que essa deixe de acreditar nas declarações perfunctórias acerca da “guerra às drogas” e comece a cobrar resultados.
Mas para isso é preciso informação, é preciso saber quais são os inimigos de verdade. Não é possível lutar contra fantasmas.
Nesse sentido, Red Cocaine presta um enorme serviço:
informa, prova, esclarece e indica caminhos.
Mas se um relatório técnico, minucioso ao ponto de fazer referências cruzadas entre capítulos, detalhista e riquíssimo em citações e fontes de referência, pode ser também um poderoso grito de alerta, então seu nome é Red Cocaine.
Red Cocaine: The Drugging of America * [Cocaína Vermelha:
A Narcotização da América]**
Autor: Joseph D. Douglass, Jr.
Editora: (1ª edição), Clarion House, Atlanta, 1990. 280 páginas
(2ª edição), Edward Harle, 1999.
* O título da segunda edição é: Red Cocaine: The Drugging of America and the West
** O título em português é meramente ilustrativo. Não há edição brasileira.
Fonte: Midia@Mais
segunda-feira, 9 de setembro de 2013
Opas leva R$ 24,3 milhões para trazer cubanos
Sacanagem acertada há anos
Josias de Souza -
O Ministério da Saúde levou à internet na noite passada o papelório do acordo
que firmou com a Organização Pan-Americana de Saúde para trazer 4 mil
médicos de Cuba. Numa “subcláusula” da cláusula terceira, o documento
anota o custo do atravessador. A intermediação renderá à Opas R$ 24,3
milhões. A cifra corresponde a 5% do valor total do contrato: R$ 510,9
milhões.
O acordo foi assinado na quarta-feira (21) da semana passada. Três dias depois, começaram a desembarcar no Brasil os primeiros 400 médicos de Cuba. A vigência do contrato é de três anos. Mas os pagamentos, descobre-se agora, serão integralmente feitos neste ano de 2013. O “cronograma de desembolso” está registrado no “Anexo III”.
Neste mês de agosto, foram liberados os primeiros R$ 100 milhões. Em setembro, sairá a segunda e mais gorda parcela: R$ 300 milhões. Em novembro, os restantes R$ 110,9 milhões. Não há no texto nenhum vestígio do valor do salário a ser pago aos médicos cubanos. O dinheiro será repassado pela Opas à ditadura de Havana, que irá remunerar seus profissionais como bem entender.
O “Anexo II” do contrato divide os gastos em cinco categorias: 1) Diárias: R$ 1,3 milhão; 2) Passagens: R$ 12,2 milhões; 3) Serviços de terceiros – pessoa física: R$ 469 milhões; 4) Serviços de terceiros – pessoa jurídica: R$ 4 milhões; 5) Custos indiretos (5%): R$ 24,3 milhões.
Gerida pelo ministro petista Alexandre Padilha, a pasta da Saúde rendeu-se à transparência por pressão, não por opção. No escuro, deputados e senadores ameaçavam barrar a tramitação da medida provisória que instituiu o programa Mais Médicos. Padilha enviou-lhes uma cópia dos papeis.
De resto, a Procuradoria da República abriu em Brasília inquérito para apurar se há violação aos direitos humanos dos médicos cubanos. Os documentos serão requisitados.
- Serviço: Aqui, uma cópia do principal documento do acordo, incluindo os anexos.
O acordo foi assinado na quarta-feira (21) da semana passada. Três dias depois, começaram a desembarcar no Brasil os primeiros 400 médicos de Cuba. A vigência do contrato é de três anos. Mas os pagamentos, descobre-se agora, serão integralmente feitos neste ano de 2013. O “cronograma de desembolso” está registrado no “Anexo III”.
Neste mês de agosto, foram liberados os primeiros R$ 100 milhões. Em setembro, sairá a segunda e mais gorda parcela: R$ 300 milhões. Em novembro, os restantes R$ 110,9 milhões. Não há no texto nenhum vestígio do valor do salário a ser pago aos médicos cubanos. O dinheiro será repassado pela Opas à ditadura de Havana, que irá remunerar seus profissionais como bem entender.
O “Anexo II” do contrato divide os gastos em cinco categorias: 1) Diárias: R$ 1,3 milhão; 2) Passagens: R$ 12,2 milhões; 3) Serviços de terceiros – pessoa física: R$ 469 milhões; 4) Serviços de terceiros – pessoa jurídica: R$ 4 milhões; 5) Custos indiretos (5%): R$ 24,3 milhões.
Gerida pelo ministro petista Alexandre Padilha, a pasta da Saúde rendeu-se à transparência por pressão, não por opção. No escuro, deputados e senadores ameaçavam barrar a tramitação da medida provisória que instituiu o programa Mais Médicos. Padilha enviou-lhes uma cópia dos papeis.
De resto, a Procuradoria da República abriu em Brasília inquérito para apurar se há violação aos direitos humanos dos médicos cubanos. Os documentos serão requisitados.
- Serviço: Aqui, uma cópia do principal documento do acordo, incluindo os anexos.
quinta-feira, 29 de agosto de 2013
O trazeiro pesado de um País inerte
Uma crônica muito atual que deve ser compartilhada por toda WEB!
O Brasil precisa ser informado, mas a mídia refém não pode, sequer, tocar no assunto.
O Brasil precisa ser informado, mas a mídia refém não pode, sequer, tocar no assunto.
domingo, 7 de julho de 2013
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